Título: Escolha do melhor plano passa por análise detalhada
Autor: Adriana Aguilar
Fonte: Valor Econômico, 27/04/2005, PREVIDÊNCIA PRIVADA, p. F1;2;3;4;5

Escolher um plano de previdência que melhor se encaixa no perfil do investidor não é tarefa fácil. Antes, é preciso fazer uma radiografia de seus interesses, objetivos e perspectiva de renda. Edson Franco, diretor de vida e previdência da Real Seguros, afirma que a orientação passa por quatro etapas. A primeira é definir qual a necessidade de renda complementar, que vai somar a outras rendas disponíveis, como aluguéis ou aposentadoria do INSS. "Isso varia de acordo com a idade da pessoa, quando pretende se aposentar e a sua capacidade de desembolso", avisa. Para não ter problema com interrupções nos depósitos, o investidor também precisa considerar outros gastos antes de decidir qual o valor mensal de contribuição. A segunda etapa é saber qual o seu perfil tributário (ver matéria nesta página) e, assim, definir se entra num Plano Gerador de Benefício Definido (PGBL) ou num Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL), no regime regressivo de alíquotas de Imposto de Renda ou se opta pela tabela progressiva de IR. O mercado oferece ainda o Fundo de Aposentadoria Programada Individual (Fapi), que tem como objetivo a acumulação de recursos sem estabelecer um período para a contribuição. Não é, por isso, considerado um fundo de previdência privada, embora possa formar uma poupança a ser utilizada como aposentadoria no futuro. Criado em 1997, o Fapi começou a perder espaço no ano seguinte, com o surgimento do PGBL. Na comparação com esse plano, o Fapi apresenta várias desvantagens, como a cobrança sistemática do Imposto de Renda sobre os rendimentos - não apenas no resgate, como o PGBL - e a incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) na retirada do dinheiro. A tendência, segundo especialistas, é de que o Fapi seja extinto nos próximos anos. Atualmente, o produto representa apenas 1% das aplicações em previdência aberta no Brasil. A terceira etapa é o prazo, ou seja, saber qual o tempo que terá de acumulação. A última diz respeito à predisposição ao risco de volatilidade do rendimento. Existem planos conservadores, que investem 100% em renda fixa, moderados, quando uma pequena parte é aplicada em renda variável, e agressivos, cuja participação das ações pode ser de até 49%. "Passando por essas etapas e estando bem orientado, o investidor terá condições de contratar o plano que irá maximizar o retorno a longo prazo", diz Franco. Portanto, o momento da compra faz a diferença. Segundo o diretor da Real Seguros, o investidor precisa estar ciente de que está aplicando a longo prazo. Marco Antonio Rossi, vice-presidente da Associação Nacional da Previdência Privada (Anapp), lembra que muitos brasileiros são avessos ao risco. Por isso, preferem os investimentos em renda fixa. "Uma prática comum em mercados mais maduros é os jovens terem uma posição maior em ações e, à medida que se aproximam da aposentadoria, mudam para as aplicações em renda fixa", conta. A mudança nas características de risco da aplicação pode ser feita a cada 60 dias. Para Renato Russo, vice-presidente de seguros da Sul América Seguros, a escolha deve levar em conta como o investidor pretende receber o benefício, se é resgate total no final do plano ou se será por renda mensal, o prazo de que dispõe para manter os recursos aplicados e a idade que tem no início da acumulação. "Quem tem um prazo superior a 15 anos de acumulação deve optar pelo novo regime de tributação, para se beneficiar da vantagem fiscal, que é a alíquota de IR de 10%. Em prazo de acumulação mais curto, o sistema da tabela progressiva é o mais indicado", sugere o executivo da Sul América. Os planos de previdência costumam cobrar três taxas: de carregamento, administração e de saída. A taxa de carregamento incide sobre cada contribuição. A alíquota pode ir de 5% a zero. O carregamento somente será cobrado em uma eventual saída e até completar 60 parcelas pagas. A partir daí o carregamento é zero. O percentual varia de acordo com a instituição e muitas vezes diminui à medida que a acumulação de recursos e o tempo de contribuição aumentam. Já a taxa de administração é cobrada uma vez por ano e no geral oscila entre 1,5% e 3,5%. A taxa de saída, por sua vez, incide no momento de resgate ou na eventual transferência de recursos para outras seguradoras. A alíquota quase sempre é a mesma da CPMF (0,38%) sobre o valor movimentado (líquido de carregamento). Há ainda a cobrança da Taxa de Administração Financeira (TAF) de 2,5% ao ano, que incide durante o período de diferimento, fase de contribuição, e o período de recebimento do benefício. "Os custos com a taxa de administração e a de carregamento devem ser observados, porque afetam diretamente a rentabilidade do plano", recomenda Franco, da Real Seguros. As contribuições para os planos de previdência são aplicadas pelas operadoras nos chamados Fundos de Investimento Especialmente Constituídos (FIEs). A rentabilidade varia de acordo com a composição da carteira desses fundos. Em 2004, os fundos 100% renda fixa renderam cerca de 23% e os com até 49% de ações tiveram ganhos superiores a 40%. Antonio Eduardo Trindade, vice-presidente da área de seguros de vida e previdência do Unibanco AIG, lembra que o investidor deve ter a perspectiva de longo prazo, ao invés de olhar só o rendimento no curto prazo. A volatilidade é enorme e sazonal. "O nome do jogo é estar entre as melhores, mas com constância", pondera. "Hoje os produtos são padronizados, o que diferencia o resultado dos ganhos é a taxa de administração e de carregamento cobradas", completa Rossi. A escolha da instituição é outro fator importante. Portanto, antes de contratar um plano de previdência privada é fundamental avaliar itens como solidez financeira da empresa para não correr risco de falência. Segundo Juvêncio Cavalcante, diretor da Caixa Vida e Previdência, o investidor precisa ver a qualidade da instituição, para ter confiança onde coloca seus recursos. "A gestão da Caixa conquistou vários prêmios de rentabilidade. Oferecemos credibilidade e clareza de propostas", afirma. Trindade acrescenta que o histórico da empresa de previdência deve ser colocado em perspectiva. É bom lembrar que o cliente está adquirindo um produto, cujo objetivo é de aplicar recursos a longo prazo e o seu relacionamento com a instituição também será por um período maior. "No processo de escolha, o investidor deve optar por uma instituição na qual confia e tenha um nome forte no mercado", sugere Franco.