Título: Especialista defende uma reforma radical
Autor: Adriana Aguilar
Fonte: Valor Econômico, 27/04/2005, PREVIDÊNCIA PRIVADA, p. F1;2;3;4;5

O Brasil não tem escolha: ou zera o seu déficit previdenciário ou continuará patinando como tem ocorrido nas últimas duas décadas. A opinião é do professor do MBA da Brazilian Business School (BBS), Alfredo Teodoro Reis. "É preciso uma revolução tão radical quanto a que foi feita com a abolição da escravatura." Nas contas do professor, o INSS, que deve arrecadar R$ 100 bilhões neste ano, fechará com um déficit de R$ 40 bilhões. Já a previdência dos servidores da União também deve fechar com um déficit de R$ 40 bilhões. Em última análise, também poderiam ser contabilizados na conta do setor os R$ 35 bilhões de déficit dos sistemas estaduais e os R$ 5 bilhões dos municípios. No total, um resultado negativo de R$ 120 bilhões, ou 6% do PIB. Com esse déficit e o pagamento de juros para o serviço da dívida, o governo tem capacidade para investir apenas R$ 15 bilhões em infra-estrutura por ano e fecha ainda o ano com um déficit nominal de R$ 70 bilhões. "Tem de parar essa sangria para poder zerar o déficit", diz Teodoro Reis. Só assim, diz ele, o governo conseguiria ter maior flexibilidade para pagar juros e investir. "Ou se corta esse déficit ou vai se dar em algum momento futuro o calote nos bancos". Para Reis, seria necessária uma ruptura. Cerca de 80% do déficit está na mãos de 15% de contribuintes, entre eles os servidores da União. Seriam esses os mais afetados. "O governo só pagaria o que ele arrecada, preservando quem recebe menos", sugere. "Quem ganha acima de R$ 5 mil hoje, receberia menos que isso, o que o governo poderia pagar." (R.R.)