Título: PIB paulista cresce 7,6% em 2004 e supera ritmo do país
Autor: Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 28/04/2005, Brasil, p. A3

A economia do Estado de São Paulo cresceu 7,6% no ano passado e, pela primeira vez desde 1998, superou o ritmo de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, que foi de 5,2%. É a maior alta desde o início da série histórica, há dez anos. O percentual ficou também acima do alcançado pela Índia, que cresceu 7,3%, e próximo ao desempenho da China, que mostrou evolução de 9,5% em sua economia. Os países emergentes em desenvolvimento, por exemplo, cresceram, em média, 7,2%. Em valores, o PIB de São Paulo atingiu R$ 591,6 bilhões, ante R$ R$ 508,6 bilhões no ano passado. Com isso, o Estado ganhou participação na riqueza do país chegando a 33,4%, acima dos 32,6% de 2003 e voltou aos níveis de 2000 e 2001. Esse ganho indica reversão da tendência observada de 1999 a 2003, quando o setor agropecuário liderou o crescimento brasileiro. Nesse cenário, o Estado paulista, altamente industrializado, viu sua participação ser reduzida. O dinamismo de São Paulo no ano passado foi resultado do forte crescimento industrial, no qual o PIB avançou 18,2%, muito acima do indicador nacional para o setor, que subiu 6,2%. Ao mesmo tempo, a produção física da indústria de transformação cresceu 11,8%, quase 40% a mais do que o avanço do mesmo indicador no país todo (8,3%). Para a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), responsável pelo levantamento ainda preliminar, o comportamento da economia paulista foi impulsionado por uma combinação de dois fatores: recuperação da massa salarial, que avançou 5,2% em 2004, e crescimento das exportações, que atingiram US$ 31 bilhões, alta de 34,5% sobre 2003. O economista Bráulio Borges, da LCA Consultores, lembra que em 2004 a economia brasileira evoluiu de maneira distinta ao longo do ano. O primeiro semestre foi marcado pela evolução das exportações, enquanto o mercado doméstico ainda estava adormecido. Nos últimos seis meses, o quadro se inverteu. A demanda interna ficou fortalecida e as vendas externas perderam fôlego. No entanto, para este ano, a expectativa é de que as exportações desacelerem - apesar do desempenho excepcional no primeiro trimestre - o que irá reduzir a magnitude do crescimento da economia paulista, acredita Sergio Vale, da MB Associados. Para Miguel Matteo, chefe da divisão de estudos econômicos da Fundação Seade, as exportações foram importantes para a recuperação do mercado interno de São Paulo, mas não lideram o crescimento, "pois o Estado produz mais para dentro do que para fora do país", argumenta. Segundo dados de 2001, 18% da produção de São Paulo era destinada às vendas externas. Para o técnico, o forte incremento da atividade exportadora, principalmente dos bens manufaturados implicou na recuperação da massa salarial. A partir daí, com a ajuda da queda do desemprego, a demanda interna foi ativada. Em contrapartida ao resultado da indústria, o PIB da agropecuária subiu apenas 0,6%, número bem inferior ao deste setor no Brasil como um todo (5,3%). Mas esse movimento não impactou o desempenho paulista, uma vez que a agropecuária entra com uma ponderação de 6,8% no PIB paulista, enquanto só a indústria de transformação pesa quase 35%. A produção agrícola em São Paulo é fraca, pois o Estado não produz itens básicos como soja e carne, explica Borges. Ao mesmo tempo, itens como laranja, café e açúcar, não são exportados in natura e sim semi-elaborados, complementa Matteo, do Seade.