Título: Empresários brasileiros confiam no futuro dos negócios, revela pesquisa
Autor: Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico, 28/04/2005, Brasil, p. A4

Se depender da esperança de seus executivos, as empresas no Brasil vão crescer mais do que em qualquer lugar do mundo. Pesquisa realizada pela PricewaterhouseCoopers na América do Sul, na Europa e nos Estados Unidos mostra que 75% dos presidentes das companhias brasileiras estão confiantes no desenvolvimento de seus negócios. Na Europa e nos Estados Unidos, a esperança está presente em apenas cerca de 30% dos entrevistados. Mesmo nos vizinhos sul-americanos a proporção é menor. "O fato de o prognóstico para o Brasil ter ficado por muito tempo negativo deve fazer com que agora as pessoas fiquem superotimistas", afirma Fernando Alves, presidente da Price. A pesquisa foi realizada com 76 presidentes de empresas brasileiras, das quais 59% tem receita superior a US$ 500 milhões. De resto, o perfil do executivo brasileiro não difere muito dos demais presidentes em todo o mundo. A volatilidade do mercado, por exemplo, preocupa mais de 50% das empresas em todas as regiões. Risco de reputação e perda de talentos também são motivos de apreensão. Mas, como particularidade, os brasileiros ainda temem a inflação, mais de dez anos depois de ela ter sido controlada. Esse item é citado por 46% dos entrevistados. "A elevação da taxa de juros e a pressão do aumento do custo do petróleo são fatores que devem estar preocupando os executivos", explica Alves. Além da memória inflacionária distinta de outros países, os brasileiros também consideram que tributação, burocracia e pobreza podem prejudicar o desenvolvimento dos seus negócios. Para 96% dos entrevistados, a tributação excessiva prejudica seus negócios, sendo que para 83% os tributos atrapalham em grande medida. No resto da América Latina, a média é de 55%. "Isso é o que o senso comum já indica. Quando se comparam a empresas equivalentes em outros países, os empresários vêem que é uma ameaça", explica o presidente da Price. A burocracia também incomoda bastante 70% dos executivos brasileiros ante 47% dos empresários do resto da América Latina. "As dificuldades para abrir e fechar as empresas já são um indicativo do nível da burocracia que se encontra no Brasil", conta Alves. As diferenças com os vizinhos também estão na percepção da pobreza. Para 62% dos brasileiros, esse fator pode prejudicar seus negócios. Nos demais países, o nível de preocupação com a pobreza atinge 49% dos entrevistados. "Apesar de ser a maior economia da região, a desigualdade aqui é muito grande, o que torna a pobreza uma preocupação maior", afirma Alves. Os alvos da pesquisa da Price no Brasil e no mundo também foram os itens governança, gestão de riscos e cumprimento de leis. Aqui o tema é considerado um propulsor de valor e uma vantagem competitiva para 68% dos brasileiros. Na Europa e nos Estados Unidos, essa percepção só atinge 38% e 22% dos executivos, respectivamente. Também ao contrário dessas duas regiões, o Brasil considera os gastos com governança, gestão de riscos e cumprimento de normas um investimento. Essa foi a resposta dada por 95% dos empresários, enquanto nos Estados Unidos alcançou 37% dos pesquisados e 55% na Europa. "Aqui os empresários têm a percepção de que falta transparência no país. Então, se ele se torna transparente, é uma vantagem para eles em relação aos concorrentes", avalia Alves.