Título: Desemprego e renda crescem em março
Autor: Janaina Vilella
Fonte: Valor Econômico, 28/04/2005, Brasil, p. A6

A taxa de desemprego atingiu 10,8% da População Economicamente Ativa (PEA) em março, no terceiro mês de alta consecutiva, Em fevereiro, havia ficado em 10,6%. Cerca de 2,3 milhões de pessoas procuraram e não encontraram emprego nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife, Belo Horizonte e Porto Alegre. O rendimento médio dos trabalhadores (R$ 945,20) cresceu 1,7% em relação a março de 2004 e subiu 0,5% em relação a fevereiro de 2005. Os dados constam da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo Cimar Azeredo, coordenador da pesquisa, apesar de ter ficado praticamente estável ante fevereiro, e até subido um pouco, a taxa de desemprego já dá sinais de que está se desacelerando, diferentemente do que ocorreu em anos anteriores. "A desocupação está perdendo força mais rapidamente este ano. Ela deve começar a cair já em abril", avalia Azeredo. Historicamente, o desemprego começa a cair a partir de maio.

A recuperação da renda, no mês, foi puxada, principalmente, pelo aumento das contratações de profissionais com carteira assinada. A participação dos empregados formais na população ocupada do país chegou a 40,3%, no período, o maior percentual desde fevereiro de 2003 (40,9%). O número de trabalhadores com carteira assinada, em março, na comparação com o mês mesmo do ano passado, cresceu 6,2%. Foi o maior aumento já verificado na série histórica do IBGE, que começou em 2002. "Esses dados indicam uma melhora da qualidade do emprego no país", resumiu o coordenador da PME. A pesquisa também mostrou que 2,6% dos trabalhadores ocupados do Brasil têm até um ano de estudo e ganham R$ 361,90. Os mais escolarizados (com 11 anos ou mais de estudo) somam 50,2% da população ocupada. A remuneração para esta faixa de escolaridade é de R$ 1.382,40. O coordenador da PME atribuiu a estabilização do desemprego à melhora do mercado de trabalho paulista, responsável por 95% dos novos postos de trabalho criados em março. O maior número de contratações se deu na indústria, 73 mil, o que representou um aumento de 4,1% em relação a fevereiro e de 12,7% na comparação com março de 2004. O desemprego nessa região ficou estável em 11,5% na comparação mensal e recuou 3,1 ponto percentual frente a março do ano passado. Assim como na capital paulista, a taxa de desocupação também se manteve estável no Rio de Janeiro. O pessoal ocupado na indústria, por sua vez, encolheu 1,0% e o rendimento médio do carioca subiu 0,6% na taxa anualizada. Azeredo reconheceu que, apesar de estável, a taxa de desemprego ainda "continua em um patamar elevado". "A gente vê aumento do emprego, mas praticamente não vê aumento do rendimento. Mas é preciso ter um pouco de paciência porque essa é a dinâmica do mercado de trabalho. Resposta na qualidade do trabalho vem depois do crescimento do emprego", disse. Na avaliação do economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Marcelo de Ávila, os dados de março mostraram uma maior taxa de absorção do mercado de trabalho, em comparação ao mesmo período do ano passado. Quase 70% dos 129 mil brasileiros que ingressaram no mercado de trabalho em busca de emprego, no período, conseguiram uma vaga, enquanto que, em março de 2003, apenas 28% encontraram emprego. "Apesar dos juros estarem subindo, o mercado de trabalho ainda não foi impactado", disse Ávila. A pesquisa envolve uma população em idade ativa (acima de 10 anos) de 38,6 milhões de pessoas e uma PEA (ocupados ou procurando emprego) de 21,9 milhões