Título: População já procura taxas menores
Autor: Alex Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 28/04/2005, Finanças, p. C1
Ao contrário do que afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva há três dias, os clientes de bancos estão sim se mexendo em busca de empréstimos bancários com taxas menores. Essa tendência fica clara pelos números do crédito consignado, divulgados pelo Banco Central, que voltaram a ter forte expansão. Não há uma estatística sistemática sobre o crédito consignado. Mas um levantamento mensal do BC com 13 bancos que operam com o produto (e respondem por 79% do crédito pessoal da economia) confirma a tese de que a população está em busca de taxas mais baixas. Nos 12 meses encerrados em março, o volume de crédito consignado na economia quase dobrou (alta de 97,2%), atingindo R$ 13,218 bilhões. Mais importante: aumentou sua participação no crédito total. A participação do crédito consignado nos empréstimos pessoais desses 13 bancos era de 27,6% em março de 2004; um ano depois, a participação havia saltado para 39,4%. Essa movimentação da clientela se explica pelos juros mais baixos no crédito consignado - que eram de 37,1% em março, ante 74,4% no crédito pessoal tradicional. Como os clientes estão pesquisando mais na hora de tomar crédito consignado, os bancos estão sendo forçados a competir, o que causa queda nas taxas - caíram 2,1 pontos percentuais desde dezembro de 2004. "A concorrência está se acirrando neste segmento", diz o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes. Do ponto de vista dos bancos, a principal diferença do crédito consignado é que eles tem uma garantia mais firme, por isso os juros são menores. Do ponto de vista do cliente, as garantias permitem menor fidelidade e a busca de taxas mais baixas. Já nas outras linhas de crédito, nem sempre isso é possível. O mercado bancário convive com uma falha clássica de mercado - a chamada assimetria de informações. Ou seja: o banco nunca tem informações suficientes para concluir se o novo cliente que entra na sua agência é realmente um bom pagador. Por isso, cobra um prêmio para cobrir o maior risco de inadimplência. (AR)