Título: Disputa por direção da OMC esquenta
Autor: Assis Moreira
Fonte: Valor Econômico, 11/10/2004, Brasil, p. A-3

A disputa pela direção-geral da Organização Mundial de Comércio (OMC) esquentou com o anúncio da candidatura brasileira de Luiz Felipe de Seixas Corrêa para substituir o tailandês Supachai Panitchpakdi em setembro de 2005. O governo do Canadá deverá formalizar a candidatura do ex-ministro Sergio Marchi, embora ele seja membro do partido da oposição. Já o uruguaio Carlos Perez del Castillo assegurou que não vai retirar sua candidatura, indicando que o Mercosul está mesmo dividido nessa disputa. De passagem por Genebra, ele convidou alguns jornalistas para um almoço com vinho uruguaio Don Pedregal (Tannat 2002) e tendo tango argentino como pano de fundo. Os jornalistas saíram com copia do currículo do candidato uruguaio. Castillo admite que a partir de agora pode ter desvantagem por causa "da máquina diplomática e financeira do Brasil". Mas garante que sua candidatura está crescendo. Calcula já ter mais de 50 diferentes níveis de apoio, um terço dos membros da OMC. Ele acha que o fato de ser de um país pequeno pode trazer vantagens, pois não ameaçaria ninguém. O diplomata declara-se candidato nacional e, portanto, não é um futuro governo de oposição no Uruguai que vai desestimular sua tentativa. E ele recusa a idéia de que o Brasil, na prática, vetou sua candidatura. "OMC é concorrência, vamos ver quem chega na final", lembrando que os candidatos com menos votos serão aconselhados a desistir. Após o almoço Castillo e o embaixador uruguaio em Genebra, Guilermo Villas, correram ao encontro de uma delegação em busca de votos. "Não estamos descansando nem dormindo", disse o embaixador.