Título: Custo menor pode ter favorecido entendimento
Autor: Talita Moreira e Catherine Vieira
Fonte: Valor Econômico, 29/04/2005, Brasil, p. A2

A questão do direito de "tag along" aos acionistas minoritários pode ter sido um dos motivos para o acordo entre o Opportunity e a Telecom Italia. Se o gestor carioca conseguisse manter os italianos definitivamente fora do bloco de controle da Brasil Telecom, a Telecom Italia teria de desembolsar uma quantia alta para fazer o pagamento aos minoritários, caso adquirisse a fatia do Citigroup e dos fundos de pensão na operadora. A quantia necessária para o "tag along" é calculada em US$ 700 milhões por alguns analistas. "Tag along" é o direito de os minoritários venderem suas ações pelo mesmo valor pago pelos papéis do bloco de controle. Advogados ligados ao Opportunity já haviam comentado que tinham embasamento jurídico preparado para provar que a Telecom Italia teria de adquirir os papéis dos minoritários. Por isso, a incidência desse direito pode ter sido uma das motivações do acordo, que ainda deixa os italianos numa condição muito mais tranqüila para negociar com Citigroup e os fundos de pensão. Mesmo em meio ao embate com o Citigroup em Nova York e à repercussão dos indiciamentos de Carla Cico e Daniel Dantas pela Polícia Federal, os interlocutores ligados ao Opportunity sempre mantiveram um enorme foco na questão da arbitragem em Londres, que decidiria se a Telecom Itália poderia ou não voltar ao controle da BrT. Na visão de um especialista próximo ao banco de Dantas, o Opportunity já via nisso um trunfo há muito tempo e demonstrava confiança num desfecho favorável a ele. A redução da possibilidade de "tag along" ficou evidente no comportamento do mercado acionário ontem. As ações ordinárias da Brasil Telecom Participações fecharam em queda de 20,68%, maior perda entre ações do Ibovespa, cotadas a R$ 20,70. Já os papéis preferenciais fecharam em alta de 8,97% a R$ 17. Para Roger Oye, analista do Banif as ações ordinárias caíram porque não haveria mais "tag along" e as preferenciais subiram com as boas perspectivas de fim do conflito na empresa. Segundo ele, do ponto de vista operacional a solução pode ser boa. "Há uma série de sinergias (com a TIM), sem contar que ainda fica com menos um competidor agressivo numa das regiões", diz. Ontem à tarde, alguns minoritários já começavam a estudar a possibilidade de questionar o acordo entre a Telecom Italia e o Opportunity, segundo informações de fonte de uma gestora de recursos. (CV e TM)