Título: Vladimir descarta risco de intervenção
Autor: Janaina Vilella
Fonte: Valor Econômico, 29/04/2005, Política, p. A8

O ex-deputado federal Vladimir Palmeira (PT-RJ) disse ontem que se o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes (PPS), for candidato pelo PSB ao governo do Estado do Rio de Janeiro "haverá dois palanques" governistas no Estado. Vladimir apresentou sua candidatura à bancada petista na Assembléia Legislativa do Rio (Alerj) e disse que desta vez não há "a menor possibilidade" de intervenção da executiva nacional do partido no PT fluminense, como ocorreu em 1998 (o PT decidiu apoiar Anthony Garotinho, pelo PDT, entrando como vice, com Benedita da Silva, na chapa). Vladimir conseguiu o apoio formal de cinco dos oito deputados da bancada estadual do partido. "Não existe a menor possibilidade de intervenção na minha candidatura, assim como garanto que também não vou intervir no governo federal", afirmou o ex-deputado, ressaltando que Ciro Gomes "tem luz própria e não precisará do apoio de ninguém para se lançar candidato". O ex-deputado contou que o lançamento de sua pré-candidatura foi articulado pelo secretário nacional de Comunicação do PT, Marcelo Sereno, antes mesmo dele próprio ter sido informado e, diferentemente do que afirmaram alguns integrantes do PT, ainda não recebeu o aval do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. Questionado se Dirceu estaria em débito com ele por ter sido o responsável pela intervenção do governo federal, em 1998, como sustentam alguns dirigentes locais do PT, Palmeira brincou. "Em política não se deve. Isso aqui não é uma operação de contabilidade. Em 1998, houve um erro, sim. E hoje, o filho daquela decisão (Anthony Garotinho) é o maior adversário do PT. Quem fica olhando para trás vive magoado. Eu não vivo magoado", disse Vladimir. Ele afirmou que, em seus recentes encontros com Dirceu, no Rio, não tem discutido política local e sim questões nacionais. O ex-deputado acredita que há espaço na política fluminense para uma candidatura "forte" de esquerda que faça frente aos candidatos indicados pelo prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), e pelo presidente regional do PMDB, Anthony Garotinho. "A sociedade do Rio está cansada desse processo, de Cesar Maia e Garotinho. Nós podemos ser um elemento de renovação da política do Estado. O povo carioca está até em crise de identidade. Tanto é que começa a discutir desfusão e outras questões", explicou Vladimir. Já falando como candidato oficial do PT fluminense, o ex-deputado afirmou que o mote de seu governo será "é proibido roubar" e que, assim que for eleito, contratará um fiscal apartidário para investigar "o que desejar". Questionado se o partido não teria se antecipado ao lançar candidatura própria com mais de um ano de antecedência das eleições, Vladimir afirmou que "qualquer um tem direito a lançar uma pré-candidatura". "Não é uma candidatura e sim uma pré-candidatura. Tem gente por aí que não tem partido nem Estado e quer se lançar candidato", ironizou Vladimir. Em entrevista ao Valor, o presidente nacional do PT, José Genoino, afirmou que o PT fluminense "caminhará com as próprias pernas nas próximas eleições", em razão da incompatibilidade de possíveis alianças com o PMDB e com o PFL. "Não vamos atropelar o partido, não vamos baixar nada goela abaixo do PT fluminense, mas vamos conversar com os partidos aliados. Não queremos criar mais problemas para o Vladimir", desabafou Genoino.