Título: CMN amplia recursos para crédito imobiliário com maior demanda
Autor: Alex Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 29/04/2005, Finanças, p. C2

O Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu ontem dar um novo impulso nos financiamentos imobiliários com recursos provenientes da caderneta de poupança. Os bancos terão que emprestar no segundo semestre pelo menos 45% mais do que o mesmo período de 2004 - o que significa um total de R$ 1,107 bilhão em novas operações. A injeção de recursos ficou acima do que a própria indústria da construção civil - maior interessada na abundância de financiamentos - havia negociado com os bancos. Estava previsto um acréscimo de 30%, nos entendimentos firmados entre a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) e a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Por esse acordo, os financiamentos somariam R$ 992 milhões. O CMN decidiu ainda incentivar financiamentos de imóveis usados de menor valor (até R$ 150 mil) com juros menores, permitindo que esse tipo de empréstimo tenha maior peso no cálculo da cumprimento das aplicações exigidas. Antes, essa regra valia só para imóveis novos. O diretor de Normas do BC, Sérgio Darcy, disse que "foi uma decisão de governo" fixar um percentual de expansão no financiamento acima do acertado entre os representantes do setor privado. Pesou na decisão, afirmou, o fato de os novos financiamentos imobiliários terem crescido 62,77% no primeiro trimestre deste ano, acima do percentual 30% fixado pelo próprio CMN para o período. "Há demanda para um volume maior de crédito", disse Darcy. Ele sinalizou que, nos próximos trimestres, o percentual de expansão do crédito poderá ser ainda maior do que 45%. "Vamos reavaliar os percentuais a cada trimestre." Em janeiro, o CMN decidiu rever as regras para o crédito imobiliário. A regra geral é que 65% dos recursos aplicados em caderneta de poupança devem ir para habitação. Ao longo da última década, porém, o CMN abriu uma série de excepcionalidades e os volumes ficaram abaixo dos 65%. Mais recentemente, o BC decidiu acabar progressivamente com essas excepcionalidades, o que despejaria cerca de R$ 12 bilhões em mercado. Em janeiro, o governo recuou, com receio de que não houvesse demanda para tanto dinheiro. Os valores foram fixados em R$ 3,9 bilhões, ou uma alta de 30% em relação aos R$ 3 bilhões de 2004. Agora, se o percentual de 45% for mantido até o fim do ano, haverá cerca de R$ 4,4 bilhões.