Título: Tarifas devem ser o alvo, diz especialista
Autor: Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico, 02/05/2005, Brasil, p. A6

O Brasil deve focar sua estratégia nas negociações da Rodada Doha da OMC na redução das tarifas agrícolas, onde estão concentrados os maiores ganhos potenciais da negociação, e não só na eliminação dos subsídios à agricultura aplicados pelos países desenvolvidos. A avaliação é do economista Kym Anderson, da unidade de comércio internacional do Banco Mundial (Bird). "Para o Brasil, é de importância crucial que Doha garanta grandes ganhos no acesso a mercado em agricultura", diz Anderson. Ele estima que dos ganhos potenciais, para o Brasil, com a reforma do comércio na OMC, só um sexto não se vincula com a queda das tarifas agrícolas. Ou seja, focar a discussão só na eliminação dos subsídios é perder os outros cinco sextos nos quais se concentram os ganhos em termos de acesso a mercados. Anderson é co-autor de um livro a ser lançado pelo Bird que trata da questão do desenvolvimento associada às discussões na Rodada Doha. Haverá um capítulo destinado a analisar as conseqüências da liberalização comercial para a pobreza no Brasil. Anderson trabalha com um cenário no qual se prevê redução de um terço nas tarifas agrícolas dos países desenvolvidos e 50% nos impostos de importação dos produtos industriais. O exercício considera as tarifas consolidadas (comprometidas) pelos países na OMC. O cenário apontado por Anderson sugere que o Brasil poderia ganhar cerca de três vezes mais que a média dos países em desenvolvimento. "É uma boa razão pela qual economias como o Brasil devem tomar a liderança e buscar resultados ambiciosos na rodada de negociações da OMC", constata Anderson. (FG)