Título: Petroflex dobra lucro com alta de commodities
Autor: Cláudia Schüffner
Fonte: Valor Econômico, 02/05/2005, Empresas &, p. B2

A Petroflex, maior fabricante de borracha sintética da América Latina, fechou o primeiro trimestre de 2005 com lucro líquido consolidado de R$ 42,5 milhões, o dobro do registrado em igual período de 2004. A queda de 6,8% no volume total de vendas foi compensada pelo aumento médio de 44% no preço das commodities petroquímicas no período. Isso permitiu que o lucro do primeiro trimestre ficasse 109,6% maior que em mesmo período do ano passado e 37,6% superior ao registrado no quarto trimestre de 2004. As vendas para o exterior foram as únicas que não apresentaram queda no primeiro trimestre, tendo ficado em 30 mil toneladas, 4,8% acima do primeiro trimestre do ano passado. Ao mesmo tempo, as vendas para o mercado interno caíram 12,2% no mesmo período. Mesmo assim, a receita líquida da Petroflex nos três primeiros meses do ano cresceu 35% em relação ao mesmo período do ano passado, fechando em R$ 377,7 milhões. Já na comparação com o último trimestre a receita teve uma queda de 1,8%, fato provocado pelo desaquecimento do mercado. Em entrevista ao Valor, o diretor financeiro e de relações com investidores da Petroflex, Luiz Carlos Lopes, destacou que a queda das vendas foi provocada por dois fatores ruins: a retração da demanda interna, com redução dos estoques por parte dos clientes; e o efeito câmbio, que teve influência negativa sobre as exportações da companhia. "Mas isso foi compensado pelo aumento do preço trazido pelo maior equilíbrio entre oferta e demanda, e pelo nosso mix de produção, que vem tendo produtos de maior valor agregado", ressalva Lopes, explicando que a Petroflex vem direcionando seu mix para elastômeros de maior valor como as borrachas para mistura asfáltica, produto que tem grande procura no mercado externo. O resultado operacional da Petroflex antes de juros, impostos, depreciação e amortização fechou o trimestre em R$ 84,1 milhões, sendo 169% maior que o do primeiro trimestre de 2004 e 48,1% superior ao registrado no último trimestre do ano passado. Tendo seu controle compartilhado pela Braskem (20,14%), Suzano (20,14%) e Unipar (10,07%) desde sua privatização, em 1992, a Petroflex planeja investir US$ 64,2 milhões no período 2003-2007. Segundo Lopes, mais da metade desse volume já foi desembolsado e em 2005 a companhia prevê investir mais US$ 21 milhões, sendo a maior parte na operação e em tecnologia da informação (TI). A capacidade de produção nas três plantas (RJ, RS e PE) atualmente é de 410 mil toneladas anuais de elastômeros e esse volume não pode ser ampliado até que haja um aumento da oferta do butadieno, matéria-prima para fabricação de borracha produzida a partir da nafta pelas centrais petroquímicas. No Brasil, a Petroflex é cliente das três centrais - Braskem, Copesul e PqU - comprando 80% da produção brasileira de butadieno, o equivalente a aproximadamente 270 mil toneladas/ano. "Essa produção (do Brasil) já não atende às necessidades da Petroflex e há um déficit de 40 mil toneladas de butadieno que somos obrigados a importar todo ano", explica o diretor. Como o butadieno não é produzido por centrais que usam o gás natural como matéria-prima, atualmente existe o que Lopes chama de "gargalo" no mercado mundial. Ele lembra que até 2007 ficarão prontas novas plantas na Ásia, que no entanto vão atender exclusivamente à demanda daquela região. Por isso a única possibilidade de aumento da oferta de butadieno nas Américas - e conseqüentemente a possibilidade de produzir mais borrachas sintéticas - é na Copesul, que já estuda aumentar a produção em cerca de 90 mil toneladas/ano. "Essa é uma decisão que ainda não foi tomada, mas temos interesse no assunto já que poderia atender a uma parte das nossas importações e também poderíamos pensar em aumentar a nossa produção", explica o executivo.