Título: Setor hoteleiro atrai investimentos
Autor: Paulo Emílio
Fonte: Valor Econômico, 02/05/2005, Empresas &, p. B4

Com um fluxo turístico crescente, Pernambuco deverá receber uma onda de empreendimentos hoteleiros nos próximos anos. Os projetos que estão sendo negociados envolvem recursos superiores a R$ 200 milhões. Estão previstos investimentos tanto por parte de empresários locais - que pretendem destinar R$ 160 milhões em conjunto com o grupo francês Accor - como de estrangeiros. "Existe um interesse muito grande por parte dos estrangeiros em investir em Pernambuco. Neste ponto, os portugueses estão bem adiantados", diz o presidente da seção pernambucana da Associação Brasileira de Hotéis (ABIH), José Otávio Meira Lins. Segundo o presidente da Empresa Pernambucana de Turismo (Empetur), Kleber Dantas, se os investimentos projetados pelos portugueses se concretizarem, podem ultrapassar R$ 80 milhões. Embora conte com 40 mil leitos, segundo dados da ABIH, a rede hoteleira pernambucana é formada, em sua maioria, por equipamentos desatualizados tecnologicamente e que não atendem integralmente as necessidades dos clientes, em especial os estrangeiros. Segundo o gerente de operações para o Norte e Nordeste da Accor Hotels, José Ozanir Castilho, estes fatores aliados a uma demanda crescente - a rede Accor tem registrado um crescimento de 15% na ocupação de seus três empreendimentos no Estado - é que tem atraído os investidores. Ozanir diz que a rede Accor recebeu projetos de empresários locais para a construção de oito empreendimentos que somam R$ 160 milhões. Três destes hotéis já estão com contratos assinados e devem ter suas obras iniciadas ainda neste ano. Os outros cinco projetos deverão ser assinados até o fim deste ano. O maior empreendimento deverá ser construído no litoral Sul. O resort deverá ter cerca de 300 apartamentos e consumir investimentos que podem variar de R$ 30 milhões a R$ 60 milhões. Os demais hotéis são do tipo econômico, com investimentos que variam de R$ 10 milhões a R$ 30 milhões. Se por um lado os próprios pernambucanos estão buscado parcerias com redes de administração hoteleira e se responsabilizando pela captação dos recursos, do outro lado investidores portugueses buscam desenvolver operações próprias. O primeiro passo foi dado pela rede Dorisol, que anunciou que irá expandir seus negócios no Estado. Atualmente dono de um equipamento hoteleiro na região metropolitana do Recife, o Dorisol pretende implantar um resort na praia de Porto de Galinhas. O equipamento está orçado entre R$ 40 milhões e R$ 50 milhões e envolve a construção de cerca de 500 unidades. O resort faz parte dos planos do grupo português de construir dez novos hotéis no país até 2015. O foco está na região Nordeste e Pernambuco e Ceará são os mais propensos a receberem os primeiros investimentos. No caso de Pernambucano a decisão é esperada para as próximas semanas, quando o Dorisol deverá firmar uma parceria com um outro grupo de investidores europeus e assim dar início ao projeto. O grupo Espírito Santo também vem demonstrando interesse em investir no Estado. Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Pernambuco, o grupo é o principal interessado, até o momento, em participar da licitação de um terreno de 100 hectares, localizado em Porto de Galinhas e pertencente ao Governo do Estado. A licitação está avaliada em R$ 35,5 milhões. De acordo com Álvaro Silva, um dos representantes do grupo, os investidores já compraram casas de veraneio no litoral Sul, que, além de atenderem executivos em férias, também tem servido como uma espécie de base para a elaboração da estratégia de atuação do grupo no Nordeste. "Pernambuco tem potencial e a definição deve sair em breve", diz. Segundo a Empetur, além do português Espírito Santo, também estão sendo montados consórcios de empresas interessadas em participar da licitação. Um outro grupo português, o Pestana, tem demonstrado interesse em assumir as obras do Ipojuca Resort Hotel, que já consumiu investimentos de R$ 20 milhões. Para iniciar as operações do empreendimento que também está localizado em Porto de Galinhas, serão necessários novos aportes entre R$ 20 milhões e R$ 25 milhões. Segundo o diretor comercial da Empetur, Francisco Rosário, o Estado recebeu no ano passado 3,8 milhões de turistas, 15,2% a mais que em 2003. Deste total, 350 mil eram visitantes estrangeiros e 30% deles eram originários de Portugal. "Muitos destes aportes portugueses são denominados investimentos de destino, quando eles bancam o empreendimento com recursos próprios e eles mesmos têm interesse em se encarregar de vender o destino. No caso pernambucano este destino é o litoral Sul, mais especificamente Porto de Galinhas e vizinhanças", explica José Otávio Meira Lins. Segundo ele, Porto de Galinhas, que é um dos destinos mais procurados do Estado, detém apenas 12% dos leitos disponíveis em Pernambuco. Esta seria uma outra razão para o interesse dos investidores concentrarem-se naquela região.