Título: GM leva bicombustível para carro 2.0
Autor: Marli Olmos
Fonte: Valor Econômico, 02/05/2005, Empresas &, p. B10

O pulo do gato que a General Motors (GM) prepara para o segundo semestre é o lançamento do Vectra bicombustível. No vaivém das alíquotas, que ocupou a equipe econômica do governo passado, poucos perceberam que o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros com motor acima de 2000 cilindrada acabou caindo para 18%. Uma diferença de sete pontos percentuais em relação à alíquota dos modelos dessa classe movidos a gasolina. Mas o novo Vectra terá duas versões - uma de 2.000cc e outra de 2.400cc. Assim, a montadora que ganhou a liderança de mercado em 2004 terá uma larga vantagem em relação à concorrência. Os demais concorrentes desse modelo, como o Corolla, da Toyota, que é líder desse segmento de mercado, têm motor a gasolina, sobre os quais incide alíquota de IPI de 25%. Essa faixa de veículo tem a maior diferença de alíquotas por tipo de combustível. Nos carros com motores entre 1000cc e 2000cc, a diferença é de apenas dois pontos percentuais, em favor das versões a álcool ou bicombustível, que é o motor que aceita álcool ou gasolina ou a mistura de ambos em qualquer proporção. Um carro 1.6, por exemplo, tem IPI de 13% na versão a gasolina e 11% para os carros bicombustíveis. A General Motors ainda não fornece detalhes oficiais da motorização do carro que está sendo preparado e nem comenta a estratégia que preparou para avançar nesse segmento de mercado, que abrange veículos que custam entre R$ 60 mil e R$ 80 mil. Em agosto de 2002, o governo federal decidiu incluir a versão bicombustível na classificação para cobrança de IPI sobre os automóveis. Os carros com motores flexíveis (que aceitam gasolina ou álcool) foram enquadrados na faixa dos modelos a álcool, com IPI mais baixo que o dos modelos a gasolina. Por força de decreto federal, na ocasião, o agrupamento estabeleceu: IPI de 9% para carros de 1000cc (os chamados populares), 15% para carros entre 1000cc e 2000cc a gasolina e 13% para os veículos da mesma faixa movidos a álcool ou bicombustíveis. Para a faixa de carros com motor acima de 2000cc as alíquotas ficaram em 25% e 20% para motores a gasolina e álcool/bicombustível, respectivamente. Em 2004, no entanto, o novo governo fez um realinhamento do IPI. Reduziu as alíquotas desse imposto para compensar aumentos de PIS/Cofins. Foi nessa ação que o IPI do carro a álcool ou bicombustível acima de 2000cc acabou indo para 18%. O IPI da mesma versão a gasolina foi mantida em 25%. A categoria de 1000cc a 2000cc ficou em 13% e 11%, respectivamente e a de 1000 em 7%. Em fevereiro, a General Motors anunciou investimento de R$ 500 milhões para fazer um novo Vectra. Além do Brasil, o projeto está voltado à exportação para outros mercados emergentes. O novo Vectra começará a ser produzido na fábrica de São Caetano do Sul (SP) no segundo semestre, com lançamento programado para o início do último trimestre. O Vectra europeu, produzido na Alemanha, foi lançado há três anos. Mas o projeto da versão européia, mais sofisticada, não veio para o Brasil. A nova geração do Vectra brasileiro nacional virá com visual mais moderno, inspirado nas linhas do Astra europeu, também diferente do fabricado no Brasil. O Vectra reestilizado será montado na plataforma do Astra A tecnologia que permite utilizar nos motores movidos a gasolina e álcool misturados em qualquer proporção, ou qualquer um dos dois combustíveis foi lançada em março de 2003. Inventado pelos brasileiros com base no "know how" do carro a álcool, esse sistema reconhece e adapta as funções de gerenciamento do motor para qualquer proporção de mistura de álcool e gasolina. As vendas de carros com motor bicombustível passaram de 48,2 mil em 2003 para 328,4 mil, em 2004. Apenas no primeiro trimestre, esse segmento de mercado já acumula a venda de 108,5 mil unidades desse tipo de automóvel. Isso representa mais de um terço de todo o mercado de automóveis no Brasil.