Título: Comgás planeja aplicar R$ 1 bi até 2010
Autor: Leila Coimbra
Fonte: Valor Econômico, 02/05/2005, Empresas &, p. B11

A Comgás, maior distribuidora de gás canalizado do país, consolida em 2005 o seu plano de expansão, e prevê a construção de 400 quilômetros de gasodutos, que consumirão R$ 400 milhões, um volume recorde de investimentos. O plano de expansão da empresa contempla investimentos globais de R$ 1 bilhão até 2010, mas grande parte deste valor será aplicada ainda neste ano e início de 2006. "Já passamos a fase mais complicada, sem financiamento e sem licenças ambientais, e agora podemos nos concentrar nas obras. Vários fatores favoráveis estão contribuindo para esse investimento recorde", explica André Lopes de Araújo, diretor de marketing industrial da Comgás.

Dentre os fatores favoráveis se destacam a liberação das licenças ambientais dos gasodutos e também o financiamento de R$ 428 milhões concedido pelo BNDES para a expansão da rede da Comgás. O valor representa quase metade dos investimentos destinados à expansão da infra-estrutura da empresa. A Comgás atende hoje 49 cidades e pretende ligar outros 20 municípios nos próximos cinco anos. Com a ampliação da rede, a distribuidora de gás poderá agregar grandes clientes ao seu portfólio, dentre eles a fábrica da Nestlé, em Araras, e as indústrias de papéis Melhoramentos e DM Papéis, nas regiões de Cajamar e Caieiras. A fábrica da Purina, em Paulínia, também será atendida e a indústria de embalagens Manikraft, em no bairro de Itaquera (Capital), além da Papel Fernandes, em Amparo. Estas indústrias são os clientes-âncora dos novos ramais. A nova base de consumidores industriais resultará em um aumento de pelo menos 250 milhões de metros cúbicos de gás neste ano. Além da expansão dos gasodutos, a Comgás aplicará dinheiro na renovação da tubulação, substituição de medidores e reforço da rede de distribuição de alta pressão. Com os investimentos, a Comgás planeja incrementar em 25% o volume de gás comercializado para os setores industrial e de co-geração de energia até 2006. No setor residencial, a meta é aumentar em 114 mil a base de clientes, atingindo 552 mil. No mesmo prazo, a empresa tem o objetivo de expandir a rede de distribuição para o setor comercial em 21 novos municípios, de modo a agregar mais 2,5 mil estabelecimentos, com destaque para os de pequeno porte, principalmente bares e restaurantes. No setor automotivo, há previsão de aumento de 80% do número de postos que operam com gás natural veicular (GNV), chegando a 580 pontos de distribuição em cinco anos. Em 2005 serão atendidos 80 novos postos. A base atual é de 280 postos. Segundo Araújo, hoje as vendas para o setor automotivo representam cerca de 11% das vendas globais de gás pela empresa. O segmento já supera o residencial e também o comercial, cada um com 5% da fatia total de vendas. A previsão é a de que as vendas de GNV passem de 300 milhões de metros cúbicos para 950 milhões de metros cúbicos nos próximos anos. " Até há algum tempo, este segmento automotivo era completamente desacreditado", diz Araújo. Hoje, 33 municípios são atendidos com GNV. Além disto, alguns projetos de co-geração voltaram à pauta de discussão, segundo o diretor da Comgás. Este segmento também ficou estagnado depois do racionamento de energia elétrica, que proporcionou uma sobreoferta de eletricidade a preços baratos. Segundo Araújo, as empresas voltaram a pensar em gerar sua energia a partir do gás natural, mas em outro contexto. "Na época do racionamento, quando a energia estava cara, as empresas queriam grandes plantas de geração, para poder vender o excedente elétrico no mercado, já que os preços estavam atrativos. Mas os atuais projetos são apenas para atender a demanda interna, já que a comercialização de energia excedente se mostrou um negócio de alto risco".