Título: Caixa maior do que o da Chicago Board of Trade
Autor: Cristiane Perini Lucchesi
Fonte: Valor Econômico, 02/05/2005, Finanças, p. C1

A Bolsa de Mercadorias & Futuros cresceu tanto que seu caixa mais aplicações financeiras de curto prazo já são maiores do que os registrados pela Chicago Board of Trade (CBOT), a segunda maior bolsa de futuros dos Estados Unidos. Chegaram a US$ 285,4 milhões no final de 2004, na comparação com os US$ 105,4 milhões da CBOT. No total, considerando-se o caixa e seus diferentes fundos, a BM&F tem disponíveis neste momento cerca de US$ 1 bilhão. Segundo o diretor-geral da BM&F, Edemir Pinto, 100% do caixa é aplicado em títulos públicos federais, para garantir segurança e maior liquidez. Com os juros altos praticados no Brasil, essa política garantiu à BM&F o maior resultado financeiro entre as três maiores bolsas de derivativos das Américas -US$ 24,6 milhões em 2004, na comparação com US$ 14,5 milhões da Chicago Mercantile Exchange e US$ 4,7 milhões da CBOT. "A BM&F não tem fins lucrativos e nós temos como objetivo, sempre, manter a nossa liquidez a maior possível", afirma Pinto. A máxima liquidez imediata dá segurança maior aos participantes, explica. Se um deles não paga o previsto na hora da liquidação de uma operação, todo um sistema de garantias é acionado de forma a evitar efeito dominó, com a quebradeira de outros participantes. As garantias necessárias para atuar na entidade crescem de acordo com o risco do mercado considerado para cada momento. Eram de US$ 23 bilhões no final de 2003 e hoje somam US$ 15 bilhões. Mas, se as garantias são insuficientes, são acionados os fundos e, em última instância, o próprio caixa e patrimônio da bolsa. Quanto maior esse caixa e esse patrimônio, maior a segurança dos participantes. Por isso, segundo ele, 70% do superávit operacional de orçamento obtido em 2004 foi usado para depreciação do prédio e da Clearing de Ativos, trazendo os bens da bolsa a valor de mercado e aumentando a liquidez disponível. Os outros 30% foram usados para reduzir o custo de negociação dos contratos do futuros dos juros dos Depósitos Interfinanceiros, explicou. Neste ano, o superávit obtido foi usado para reduzir custos de negociação com de outros contratos. Após seu programa de fortalecimento, que passou a exigir mais capital de giro mínimo próprio das suas corretoras, a BM&F conta com 66 corretoras, sendo 21 ligadas à bancos e 45 independentes. A participação das empresas não-financeiras como clientes finais ainda é restritas, não passando de 9%. "Mas essa fatia está crescendo -era quase zero há cinco anos", segundo Edemir Pinto. As margens de ajuste diário dos contratos que tem de ser depositadas dificultam a participação de empresas que não tem tesouraria maior e mais organizada e a cunha fiscal encarece em muitos casos a proteção financeira para várias empresas, segundo Edemir Pinto. Neste momento a entidade negocia com o Banco do Brasil a criação de uma linha de financiamento do ajuste diário para empresas não-financeiras e com o governo avalia formas de reduzir os impostos sobre o hedge.(CPL)