Título: Weg marca estréia no setor naval
Autor: Vanessa Jurgenfeld
Fonte: Valor Econômico, 13/10/2004, Empresas, p. C-8

Fabricante foca em barcos de apoio a plataformas e aposta na modernização da frota setor naval brasileiro é o novo alvo da Weg. A empresa, com sede em Jaraguá do Sul (SC), está equipando oito navios de apoio a plataformas petrolíferas e terá em dezembro, quando a primeira embarcação com equipamentos Weg entrar na água, o batismo do seu primeiro projeto. Uma das maiores indústrias de motores elétricos do mundo, a Weg desenvolveu uma espécie de pacote para o segmento naval. São equipamentos e serviços que já existiam de forma avulsa, mas que agora estão sendo adaptadas para o novo mercado. De acordo com Roberto Medeiros, gerente comercial da Weg responsável pelo setor naval, este é um setor promissor, uma vez que o Brasil pretende modernizar e substituir embarcações. A Weg está atuando principalmente na área de propulsão, geração de energia, distribuição de força e controle do sistema elétrico dos navios de apoio a plataformas. São navios deste tipo, geralmente de 70 metros de comprimento, o foco de atuação da companhia neste momento, já que aos poucos eles vêm substituindo motores mecânicos por acionamentos elétricos. A empresa enxergou como oportuna a entrada no segmento, uma vez que existe uma demanda certa para os próximos anos, pelo fato de a Petrobras estar direcionada a fazer novas explorações de petróleo, necessitando portanto de barcos de apoio e de navios petroleiros. Os navios de apoio levam suprimentos às plataformas. Possuem hoje posicionamento dinâmico - movem-se de acordo com o movimento das próprias plataformas - controlado por um sistema via satélite, e já estão sendo desenvolvidos com ancoragem eletrônica. Há três anos a indústria catarinense vem se aprimorando no segmento e está agora "levantando a bandeira e tentando fincá-la", segundo palavras de Medeiros. A Weg é a primeira empresa de capital totalmente nacional a fornecer soluções para embarcações desse tipo. Ela passa a concorrer neste segmento com as multinacionais Rolls-Royce e Asea Brown Boveri (ABB). De acordo com Medeiros, a expectativa é de que em 2005 a tecnologia da Weg adaptada para embarcações chegue a estaleiros de outros países. O sistema que a empresa está utilizando no Brasil é internacional, podendo ser levado a embarcações de apoio a plataformas nos Estados Unidos, por exemplo, um dos maiores mercados de navios do mundo. Já há de fato consultas para isso, mas nada foi ainda acertado. A empresa acredita que o mercado de navios de apoio a plataformas no Brasil estará aquecido por pelo menos cinco anos. "Existe um mercado que vai construir no médio prazo pelo menos 20 novos barcos de apoio por ano", diz Medeiros. Pelo menos cinco outros navios serão construídos com soluções Weg no próximo ano. Medeiros prefere não fazer estimativas de quanto o setor deve movimentar, mas não tem dúvidas de que é um setor importante para incremento do faturamento da Weg. Cada pacote montado pela empresa sai entre US$ 1 milhão e US$ 1,5 milhão. Para atender o setor naval, a Weg ouviu consultores no Rio e alguns executivos têm feito viagens para conhecer de perto a realidade de estaleiros de outros países. Atualmente, 10 pessoas na Weg estão diretamente ligadas ao setor. Como os equipamentos usados são os mesmos que já eram fabricados pela empresa, com adaptações para ser inseridos nos navios, não há grandes investimentos feitos pela companhia até agora no segmento, o que deve acontecer somente em 2005. Segundo os dados divulgados no balanço do segundo trimestre, a Weg planeja investir, neste ano, R$ 149,6 milhões na ampliação e modernização de suas fábricas - R$ 121 milhões no Brasil. A empresa teve uma receita bruta de R$ 1,18 bilhão no primeiro semestre, um aumento de 25% em relação ao mesmo período do ano passado. O lucro líquido foi de R$ 200,8 milhões, 44% acima. Os bons resultados - puxados pelas exportações, que cresceram 32%, para R$ 479,6 milhões, no semestre - vêm ajudando a impulsionar as ações da empresa: o valor de mercado, de R$ 4,3 bilhões, mais que dobrou em relação a junho de 2003.