Título: BC separa o tema em duas grandes vertentes
Autor: Denise Neumann
Fonte: Valor Econômico, 02/05/2005, RUMOS DA ECONOMIA, p. F9

O Banco Central vem discutindo publicamente o PIB potencial brasileiro com freqüência. Citações específicas apareceram nos relatórios de inflação de setembro de 1999, dezembro de 2003 e novamente em setembro de 2004. Na última discussão (2004), o BC separa a literatura sobre PIB potencial em duas grandes vertentes: uma baseada em modelos puramente estatísticos (onde dados brutos são combinados e analisados pelo próprio computador, chegando a um número " mágico " ) e a outra que incorpora ao método um pouco de análise econômica. O BC diz que não considera nenhuma das vertentes superior à outra. Como conseqüência, acompanha o PIB potencial (e seu consorte, o hiato do produto) por pelo menos quatro métodos. No relatório de setembro passado, dois destes cálculos já mostravam que o PIB potencial tinha sido ultrapassado e outros dois mostravam que o limite estava muito próximo. Ou seja: o espaço para o país crescer sem pressão de demanda estava fechado ou perto disso. As estimativas mais usuais para estimar o PIB potencial de cada país consideram o estoque de capital e de trabalho e a produtividade daí decorrente. Em um país como o Brasil, em que a taxa de desemprego supera os 10%, a disponibilidade de mão-de-obra não é um empecilho ao crescimento, ainda que se possa discutir a qualificação dos trabalhadores. Nos EUA, ao contrário, o fator trabalho é considerado um entrave a uma maior evolução da economia. Não é a toa que no momento - em que os analistas se perguntam se o ritmo da economia americana também não está se acelerando além do adequado -, um dos indicadores mais esperados pelo mercado é justamente o da criação de vagas. No Brasil, o entrave está no capital, observa Fernando Montero, da Convenção S.A. O custo do investimento e as limitações, tanto do setor público como do privado para ampliar gastos em máquinas e equipamentos é o principal nó para o crescimento. (DN)