Título: Recuperação da renda favorece consumo
Autor: Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico, 02/05/2005, RUMOS DA ECONOMIA, p. F20

Mesmo com o aperto na política monetária, empresas que dependem do consumo interno têm perspectivas de resultados melhores neste ano. A expansão do crédito e o aumento da renda devem se converter em vendas maiores. "O cenário para 2005 é de recuperação da demanda interna, beneficiando principalmente setores como bebidas, alimentos e vestuário", afirma Giovanna Rocca, economista do Unibanco. A alta dos juros e os sinais de desaceleração da economia até agora parecem não ter reduzido a disposição do consumidor. A corretora Santander prevê aumento de 58% no lucro das empresas da área de não-duráveis, acima da taxa projetada para as companhias de óleo e gás e de papel e celulose, cujos resultados devem crescer 39% e 20%, respectivamente. "Quem depende de renda deve ter um bom desempenho neste ano", avalia André Lóes, economista-chefe do Santander. Indicadores já divulgados pelas empresas apontam elevação do consumo no primeiro trimestre. A receita líquida do Pão de Açúcar - maior varejista do país - alcançou R$ 3,3 bilhões entre janeiro e março, 16,2% maior que em igual período de 2004. Sem considerar o desempenho das lojas abertas há menos de um ano, houve crescimento real de 3,4%. A AmBev, que divulga o balanço nesta semana, informou que as vendas de cerveja subiram 12,9% no primeiro trimestre e as de refrigerantes, 2,6% frente ao mesmo período de 2004. Na telefonia móvel, as operadoras venderam 3 milhões de celulares entre janeiro e março. O desempenho do setor surpreendeu, com crescimento de 9,3%. A renda do brasileiro vem crescendo lentamente desde o ano passado. Em março, o rendimento médio cresceu para R$ 945,2, alta de 1,7% na comparação com o mesmo mês de 2004 e de 0,5% em relação a fevereiro, segundo o IBGE. "Por enquanto, renda e a expansão da oferta da crédito têm garantido o crescimento", ressalta Giovanna, do Unibanco. Mas, para alguns analistas, o efeito dos juros se fará sentir a partir do segundo semestre.