Título: Operadoras preparam investimento recorde
Autor: Talita Moreira
Fonte: Valor Econômico, 02/05/2005, RUMOS DA ECONOMIA, p. F32

Os investimentos programados pelas operadoras de telefonia fixa para 2005 superam R$ 6 bilhões, o que configura o maior volume dos últimos quatro anos. Inovações tecnológicas e novas metas de universalização dos serviços estão levando as concessionárias a gastar até 25% mais do que em 2004. A Telemar, que atende 16 Estados das regiões Sudeste, Nordeste e Norte, planejou desembolsos da ordem de R$ 2,5 bilhões. A Telefônica, de São Paulo, tem R$ 1,7 bilhões para a telefonia fixa. A Brasil Telecom, que atua no Sul, Centro Oeste e Norte, pretende repetir os R$ 2,9 bilhões gastos no ano passado. Porém, a idéia desta vez é reforçar os gastos em telefonia fixa. Em 2004, a operadora concentrou os recursos na implantação do serviço de celular - que agora poderá ser incorporado pela TIM. O resultado, ainda incerto, da disputa pelo controle acionário poderá implicar mudanças nos planos traçados pela operadora até agora. O segmento de internet em banda larga e a convergência com a telefonia móvel são as grandes apostas das operadoras para crescer e se preparar para um futuro que promete detonar uma revolução inédita no setor. Empresas como a americana Vonage e a européia Skype já estão aí para mostrar que um computador com banda larga e um software bastam para ligar para qualquer parte do mundo pagando zero - ou quase - por isso. É a tradução para o que se chama de voz sobre protocolo de internet (voz sobre IP). As três concessionárias de telefonia fixa terminaram o ano passado com pouco mais de 1,8 milhões de acessos de internet em alta velocidade. A base quase dobrou em 12 meses. Mas ainda é muito pouco e as empresas sabem disso. Não por acaso, apóiam o projeto PC Conectado, desenvolvido pelo governo federal para vender computadores a preços baixos - o custo dos equipamentos é um entrave à expansão do negócio. A Embratel, tradicionalmente conhecida como uma operadora de longa distância, deve investir até R$ 1,5 bilhão neste ano. Metade desse total irá para a área de satélites, tecnologia em que a empresa aposta para oferecer internet de banda larga. Junto com os acessos em alta velocidade, as operadoras tentam abrir uma janela para oferecer serviços de maior valor agregado, como vídeos, em protocolo de internet. "Poderemos ter uma presença mais forte em serviços de valor adicionado", sinalizou o presidente da Telefônica, Fernando Xavier, ao comentar os planos para 2005 em entrevista concedida no final do ano passado. O presidente da Telemar, Ronaldo Iabrudi, também já deixou claro que a companhia poderá elevar o montante de investimentos previstos para 2005 dependendo de como se comportar a demanda por banda larga. As concessionárias estão apostando suas fichas nesse negócio, já que a telefonia tradicional não tem crescido mais. Momento completamente diverso atravessam as operadoras de telefonia móvel no Brasil. O mercado nacional ainda está em franca expansão. A base de clientes das empresas acumula crescimento de quase 40% no período de 12 meses encerrado em março e soma 68,6 milhões, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Cada um dos grandes grupos de telefonia móvel - Vivo, TIM e Claro - planeja investir pelo menos R$ 1 bilhão ao longo de 2005 para ampliar ou reforçar a cobertura e modernizar a tecnologia. Porém, uma outra conta da mesma magnitude, aproximadamente, deve ser paga pelas teles para subsidiar a venda de aparelhos e conquistar mais clientes. A guerra de preços, que parecia mais amena no início do ano, voltou com força em abril. As operadoras queixam-se da situação - que corrói os lucros do setor - mas ao mesmo tempo nenhuma delas dá sinais de que vai recuar. O presidente da Vivo, Francisco Padinha, por exemplo, qualifica de "preocupante" a agressividade das promoções no setor. "Todas tinham um discurso unânime de que este ano seria mais focado em rentabilidade. Mas não é isso o que estamos vendo em abril", diz a analista Luciana Leocádio, da BES Securities.