Título: Inadimplência de pessoas físicas sobe pela primeira vez no ano
Autor: Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 03/05/2005, Brasil, p. A2

A inadimplência de pessoas físicas ficou em 7,4% em abril e registrou a primeira alta do ano na comparação com o igual mês de 2004. Em abril do ano passado, o indicador estava em 6,4% e, em março deste ano, apurou esse mesmo percentual, segundo dados da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). A alta é vista como um sinal amarelo para o comércio, pois indica que o comprometimento da renda está atingindo níveis elevados, ao mesmo tempo em que a renda não se recupera no mesmo ritmo do crescimento do crédito. Mesmo com esse repique, as vendas varejistas evoluíram bem no primeiro trimestre de 2005, com avanço de 6,6% no faturamento das lojas, pelos dados da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio). Só em março, a alta foi de 14,72% em relação ao ano passado. O desempenho segue ancorado no crédito. Exemplo disso é o fato de o resultado de março ter sido impulsionado pelas vendas de veículos, autopeças e acessórios e eletrodomésticos.

Para Altamiro Carvalho, assessor econômico da Fecomercio, a demanda continua forte e o mês de março mostrou crescimento generalizado nas vendas, uma vez que apenas o ramo de móveis e decoração apresentou queda, de 0,6% ante março de 2004. No entanto, para abril, as expectativas não são positivas. Com um desempenho baseado no crédito e uma recuperação ainda tímida na renda e no emprego, o assessor prevê queda forte nos níveis de confiança do consumidor. "Estamos vendo queda das expectativas sobre o futuro da economia, principalmente na avaliação dos consumidores com maior faixa de renda." O indicador de inadimplência da Serasa também registrou elevação em março de 6,8% sobre fevereiro, após mostrar queda nos três meses anteriores, segundo dados com ajuste sazonal. Em relação a março de 2004, a alta foi de 16%. No primeiro trimestre, a inadimplência avançou 11,6% sobre o mesmo período de 2004. Para Fábio Silveira, sócio-diretor da MS Consult, o cenário para o comércio deve se deteriorar no segundo trimestre do ano, mas ainda com taxas positivas. Para o segundo semestre, as perspectivas são melhores. Adriano Pitoli, da Tendências, acha que as vendas podem continuar em alta mesmo sem forte crescimento da renda, apenas com o alongamento do prazo de pagamento.