Título: Cypriano não vê dificuldades para a reeleição do presidente em 2006
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Fonte: Valor Econômico, 03/05/2005, Especial, p. A9

O empresariado presente ontem ao aniversário dos cinco anos do Valor vê como provável a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente do Bradesco e da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Márcio Cypriano, resumiu numa frase o humor do sistema financeiro em relação à sucessão presidencial de 2006: "Lula está fazendo tudo que a gente quer". Cypriano diz não ver dificuldades na reeleição do presidente Lula. "Se a eleição fosse hoje ele já estaria reeleito". Para Cypriano, o governo está colocando o país no rumo do crescimento econômico com vistas à distribuição de renda. O presidente do Bradesco, maior banco privado do país, acredita que o governo tornou a relação do empresariado com Lula mais fluida do que em 2002. "Falta melhorar o ambiente para investimentos, mas acredito que isso também venha a acontecer". O presidente da Confederação Nacional das Instituições Financeiras, e integrante do Conselho de Administração do Unibanco, Gabriel Jorge Ferreira, também vê como provável a reeleição do presidente - "Aquela angústia com o PT mudou desde a Carta aos Brasileiros. Em agosto de 2002, ele já havia sido aplaudido de pé no auditório da Febraban." O otimismo empresarial chega ao ponto de se prever um segundo mandato presidencial de Lula aberto a atender a duas demandas da agenda do meio patronal: a redução da carga tributária e a reforma da legislação trabalhista. "Vamos ter uma mudança na sustentação do governo. Ele estará apoiado em novas bases e poderá ser mais fácil", afirmou o presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, Abram Szajman. "Até mesmo por sua origem, ele terá condições de atuar nestes pontos a partir do próximo ano", prevê o controlador da CSN, Benjamin Steinbruch. Para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pelo menos um dos pontos da agenda empresarial, referente à carga tributária, poderá registrar avanços, ainda que de maneira indireta, no Congresso. "Tão logo se restabeleça o diálogo na Câmara, poderemos fazer um pacto para a aprovação da reforma tributária", disse. Mas o entusiasmo empresarial foi recebido com ironia pelos aliados do presidente no plano político. "Você já viu presidente mais forte no segundo mandato do que no primeiro, no Brasil ou no mundo?", indagou o presidente do PP, o deputado Pedro Corrêa (PE). Mais cauteloso, o presidente do grupo Telefônica, Fernando Xavier Ferreira, afirmou que qualquer prognóstico estaria amarrado ao cenário econômico do próximo ano. A empresária Chieko Aoki, do grupo hoteleiro Blue Tree, afirmou que "o apoio empresarial dependerá do que o governo fará em relação à taxa de juros".