Título: Banqueiros já temem ritmo menor de atividade
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Fonte: Valor Econômico, 03/05/2005, Especial, p. A9

A manutenção do crescimento econômico nos próximos anos já preocupa os bancos. Para o presidente do Bradesco e da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Márcio Cypriano, só o avanço das reformas e os investimentos em infra-estrutura podem garantir a continuidade do crescimento. O presidente do BankBoston, Geraldo Carbone, afirmou que é necessário checar se a oferta de produtos e os investimentos estão na velocidade adequada. "No segundo semestre, haverá menos capital vindo para os mercados emergentes, o que pode aumentar o valor do dólar e o interesse do setor exportador em investir." Cypriano disse que o crescimento deste ano está garantido pela expansão do crédito e das exportações. "Não há risco", afirmou, revelando que trabalha com a previsão de uma expansão de 3,7% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Segundo Carbone, a economia está crescendo impulsionada principalmente pelas medidas do governo de estímulo ao crédito. "As pessoas e as empresas estão tomando dinheiro a custos e prazos nunca antes vistos", disse Carbone. Para ele, essa é "uma incongruência" do governo uma vez que, do outro lado, impõe ao Banco Central a "tarefa de esfriar o consumo para não pressionar os preços, tendo como único instrumento a elevação dos juros." Já para o presidente do Itaú BBA, Cândido Bracher, os primeiros sinais de arrefecimento da atividade começam a aparecer. "Falando com os nossos clientes, grandes grupos, eles detectam sinais de queda nas encomendas e pedidos, não é uma redução acentuada, mas merece atenção", diz. Ele lembra que o setor exportador está mais protegido de uma desaceleração pela demanda internacional e os preços das commodities. A taxa de câmbio, afirma Bracher, ainda não chega a preocupar pois há um intervalo entre o real valorizado e o impacto na exportação.