Título: Para Amorim, OMC já fez escolha
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 03/05/2005, Especial, p. A12

Sem entrar em detalhes, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, considera "já decidida"a eleição para diretor-geral da OMC. Informalmente, diplomatas brasileiros acham que o candidato francês Pascal Lamy já teria a vitória assegurada contra o uruguaio Carlos Perez del Castillo. Indagado sobre a posição brasileira na rodada final de consultas entre os países, na semana que vem, Amorim retrucou: "Por que vocês estão preocupados com isso? O jogo já está decidido". Apesar disso, afirmou "ser difícil" para o Brasil votar contra um candidato latino-americano, e fácil, "em tese", votar contra um europeu. Pelo que indicou, o mais provável é que o Brasil mantenha a abstenção. Em Paris, a eleição na OMC chama a atenção, ao mesmo tempo em que quase três dezenas de ministros de comércio tentam evitar um novo fiasco na Rodada de Doha. Ontem, a União Européia insistia numa metodologia de conversão de tarifas pela qual poderia dizer que arrancou concessão dos exportadores. Mas esses querem a contrapartida, que pode vir com a redução da lista de produtos processados agrícolas. que teriam forma de conversão favorável aos protecionistas. Para Amorim, a União Européia quer, ou paralisar a negociação agrícola, ou extrair concessão de países em desenvolvimento, a tal ponto que isso ameaça agravar a visão, da opinião pública dos próprios países industrializados, de uma OMC desequilibrada. "Estamos vivendo momento de definições (na Rodada de Doha" disse Amorim. "Há insatisfação compartilhada pelo Brasil e pelos EUA em relação a países excessivamente protecionistas na área agrícola."