Título: Furlan quer compensar câmbio com logística
Autor: Assis Moreira
Fonte: Valor Econômico, 03/05/2005, Brasil, p. A3

O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, disse ontem que é possível compensar parte das perdas de exportadores com o real valorizado por meio de redução de custos logísticos e devolução de impostos. O ministro citou como exemplo de uma medida que poderia resultar em mais lucros para exportadores a "monetização de créditos tributários". Segundo ele, devolução de impostos e redução de custos de logística trariam aumento de lucratividade permanente e não transitório, como ocorre com variações no câmbio. Furlan admitiu que o câmbio no nível atual "espreme a lucratividade de muitos setores", citando como exemplo o calçadista. O ministro disse ter tido uma reunião ontem com a vice-presidente da General Motors para a América Latina, Maureen Darkes, durante a qual conversou sobre medidas que podem fazer diferença na lucratividade das exportações do setor automotivo. Recentemente, o presidente da GM no Brasil afirmou estar "perdendo o sono" com a taxa de câmbio. Furlan participou ontem da conferência anual do Conselho das Américas em Washington, no Departamento de Estado. Durante a palestra, defendeu maior importação de etanol brasileiro pelos EUA, usando o argumento da democracia, tão repetido pelo governo americano, para defender maiores vendas de etanol brasileiro aos Estados Unidos. "Os Estados Unidos importam muita energia de regiões que não são democráticas. Sei que não é politicamente correto o que estou dizendo, mas por que não importar energia limpa de regiões amigas como o Mercosul, com um compromisso de longo prazo que permite também investimentos?", perguntou. Furlan discutiu ontem com o novo secretário do Comércio, Carlos Gutierrez, a possibilidade de cooperação com os EUA na exportação de etanol para terceiros mercados. Foi a primeira reunião entre Furlan e o novo secretário do Comércio, que assumiu o cargo recentemente. Os dois já se conheciam, entretanto, por trabalharem na indústria alimentícia. Gutierrez foi CEO da Kellogg's. Furlan afirmou que a porcentagem de motores bicombustível está próxima a 50% dos veículos produzidos no Brasil. E disse ter tido resultados muito positivos em uma reunião com uma associação de governadores dos EUA, a Coalizão de Governadores Pró-Etanol. O produto será, segundo o ministro, a "commodity do século 21". Furlan disse ter sugerido a Gutierrez um acordo para comércio bilateral de carne de frango como o Brasil tem com o Canadá e afirmou ter discutido alguns pontos para facilitar o comércio bilateral e as iniciativas do setor privado, como a redução da burocracia para vistos temporários de trabalho.