Título: Brasil e China buscam acordo para evitar a adoção de salvaguardas
Autor: Assis Moreira
Fonte: Valor Econômico, 03/05/2005, Brasil, p. A3

A pedido da embaixada da China no Brasil, que propôs a negociação de acordos para evitar a regulamentação de salvaguardas contra a importação de produtos chineses, o governo começou a negociar ontem, com diplomatas daquele país, medidas de restrição voluntária de exportações. Em reunião no Ministério do Desenvolvimento, coordenada pelo secretário de Comércio Exterior, Ivan Ramalho e o secretário da Câmara de Comércio Exterior (Camex), Mário Mugnaini, os encarregados da seção comercial da embaixada chinesa, chefiados pelo diplomata Jin Xiangchen, garantiram que o governo daquele país tem interesse em minimizar possíveis efeitos das importações sobre a indústria brasileira, e se comprometeram a buscar soluções, em reunião com o setor privado. "Eles falam em medidas de autocontrole, e isso será um teste para a disposição política da China em relação ao Brasil", afirmou a senadora Ideli Salvatti (PT-SC), que tem defendido os interesses da indústria têxtil catarinense, nas discussões com o ministério. Em 15 dias, segundo acertaram integrantes do ministério e diplomatas chineses, haverá uma reunião, em Brasília, para discutir os dados sobre o aumento da importação de produtos da China e encontrar fórmulas para reduzir o impacto sobre os produtores no Brasil. Em junho, uma missão dos responsáveis pelo sistema alfandegário chinês chinesa virá ao Brasil para negociar, com a Receita Federal, uma forma de reprimir as fraudes e irregularidades nas importações. "As fraudes, contrafações e contrabando são um dos principais problemas enfrentados pelos produtores brasileiros em relação aos competidores chineses", diz Ideli. Na segunda-feira, após participar das comemorações pelos cinco anos do jornal Valor , o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ser contrário à criação de barreiras contra os produtos chineses, por acreditar ser possível uma negociação "política" capaz de evitar prejuízos à indústria brasileira. A embaixada da China procurou Ivan Ramalho para pedir que se busque um acordo satisfatório para os produtores do Brasil, antes que o país regulamente a aplicação de salvaguardas contra contra a entrada de produtos chineses no mercado nacional - como reivindicam os industriais brasileiros. "Os chineses prometeram começar com os têxteis", comemora Ideli.