Título: Não ter apoio do Brasil é vergonhoso, diz Castillo
Autor: Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico, 04/05/2005, Brasil, p. A4

"O jogo não acabou e definitivamente não estou fora de campo." Com essa frase, o candidato uruguaio à direção-geral da Organização Mundial do Comercio (OMC), Carlos Perez del Castillo, reagiu ao ler no Valor a declaração do ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, dizendo que a eleição na OMC já está decidida, numa alusão indireta à vantagem do francês Pascal Lamy. Em entrevista em Paris, Perez del Castillo garantiu que continua aumentando seus apoios e que o último candidato eliminado, Jaya Cuttaree, da República de Maurício, telefonou para assegurar seu voto a ele. Castillo encontrou-se com o novo representante comercial dos Estados Unidos, Robert Portman. O americano disse que continua as consultas internas sobre quem apoiará, mas que estará confortável com a OMC sendo dirigida por Lamy ou Castillo. Perez qualifica de "uma vergonha" o fato de o Brasil não tê-lo apoiado. "Obviamente gostaríamos de ter o Brasil conosco. Mas é decisão deles." E acrescentou: "Toda a América Latina está comigo, salvo o Brasil até agora. Quem é o que tem mais condições de defender os interesses dos países em desenvolvimento, que não tem agenda escondida, nem risco de jogar outras coisas de repente na negociação (da Rodada Doha)?" Amorim disse que tem uma semana para decidir como o Brasil vai agir. Fontes do Itamaraty indicam que sua declaração, de que é difícil votar contra um latino-americano, significa pelo menos que o país não vetaria Castillo. Já os uruguaios contam com o veto de países da América Central produtores de banana a Lamy.