Título: Em SP, mulher com ensino médio é maioria entre recém-contratados
Autor: Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 14/10/2004, Brasil, p. A-4

O trabalhador brasileiro recém-empregado com carteira assinada possui ao menos o ensino médio completo, é jovem - com idade entre 18 e 24 anos - e do sexo masculino, pois sete em cada dez são homens. No entanto, quando se analisa os empregados formais da região metropolitana de São Paulo, há uma diferença quanto ao conjunto do país: 63,1% são mulheres, seis em cada dez, de acordo com pesquisa da Secretaria Municipal do Desenvolvimento Trabalho e Solidariedade de São Paulo. Para Marcio Pochmann, secretário responsável pela pasta, isso pode ser explicado pela característica dos postos de trabalho abertos. No Brasil como um todo, mais da metade das vagas foram para as atividades agrícola e industrial, caracterizadas pela mão de obra masculina. Já na capital paulista, a maioria dos empregos gerados pertence ao setor de serviços, que possui mais mulheres em seu quadro de funcionários. Dos 252 trabalhadores entrevistados pela secretaria, 52,4% concluíram pelo menos o ensino médio. Dentro deste percentual, 40,5% fizeram apenas o ensino médio, 11,5% têm ensino superior incompleto ou completo e 0,4% são pós-graduados. A pesquisa mostra também que as relações sociais são a melhor forma de se obter uma colocação no mercado de trabalho, pois 66,3% dos entrevistados afirmaram ter conseguido se empregar por meio de amigos ou parentes. O tempo de procura por emprego ainda é alto: 64,3% dos recém-empregados disseram ter gasto até um ano, enquanto 32,1% ficaram entre 13 meses e dois anos à procura. "Os desempregados há menos tempo tiveram maior sucesso na busca por emprego", comenta o secretário. Porém, a renda dos empregados não apresentou um crescimento tão significativo quanto à melhora no nível de emprego, que cresceu 2,5% em São Paulo no primeiro semestre do ano, com a geração de 62,3 mil postos. O incremento no rendimento ficou entre um e três salários mínimos para 68,7% dos entrevistados e acima de cinco mínimos para apenas 3,6%. "A recuperação do emprego ainda não se reflete na renda familiar", conclui. O secretário lembrou ainda que desde 1999 o saldo para geração de emprego tem sido maior, porém, também tem ocorrido um movimento de substituição de trabalhadores que ganham melhores salários por mão-de-obra mais barata. Ainda assim, quase metade dos trabalhadores, 49,2%, disse ter aumentado seus gastos com alimentação, enquanto 24,9% utilizaram mais dinheiro para o pagamento de dívidas. Também aumentaram os gastos com contas como água, luz, gás ou telefone 40,5% dos entrevistados. Entretanto, a confiança na recuperação econômica do país ainda é pequena: 72,6% têm medo de perder emprego, sendo que somente 11,5% têm medo da redução de salários e 4% de uma jornada de trabalho elevada.