Título: Plenário da Câmara vota cassação de mandato
Autor: Mônica Izaguirre e Raymundo Costa
Fonte: Valor Econômico, 04/05/2005, Política, p. A7

O plenário da Câmara vai decidir hoje se cassa o mandato do deputado André Luiz (sem partido-RJ), acusado de cobrar propina de R$ 4 milhões para evitar que o nome do bicheiro Carlos Cachoeira estivesse na lista de indiciados de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. Apesar dos fortes indícios e da indicação pública da maior parte dos deputados de que votam pela cassação, André Luiz tem muitas chances de manter o seu mandato na votação secreta marcada para hoje. Uma decisão na manhã de ontem deu mais fôlego à tentativa de André Luiz preservar seu mandato. A Mesa da Câmara decidiu arquivar o pedido de investigação contra o deputado Pedro Corrêa (PE), presidente do PP, partido do presidente da Casa, Severino Cavalcanti (PE). Corrêa figurava na lista dos indiciados da CPI da Pirataria, realizada pela Câmara no ano passado. O relatório pedindo sua absolvição foi enviado à Mesa Diretora da Câmara em dezembro de 2004, ainda sob a presidência de João Paulo Cunha (PT-SP). A Mesa acatou o relatório de uma comissão de sindicância, criada pela própria Mesa, que deu parecer contra a investigação. O relatório apontava que não havia provas suficientes para o indiciamento de Corrêa. Seu sigilo sequer foi quebrado pela CPI. "Não vou usar isso (o caso Pedro Corrêa), meu assunto é diferente e vou ser julgado pelos demais 512 deputados, mas o caso de Corrêa é antigo e há 24 outros antes do meu, mas só a mim querem cassar a toque de caixa", afirmou André Luiz. O relator do caso na comissão de ética da Câmara, Gustavo Fruet (PSDB-PR), se diz preocupado com a chances de absolvição. Segundo ele, quatro fatores contribuem para a absolvição do deputado carioca: o apelo emocional, o corporativismo, o receio de que André Luiz tenha denúncias contra outros deputados e a tentativa de que evitar que a Câmara se paute pela opinião pública. "Se a Câmara decidir cassar será uma decisão natural, mas se absolver terá legalizado a extorsão, o que deverá piorar muito a imagem da casa, que já está ruim", afirmou. Na avaliação de Fruet, as chances de cassação aumentam com o número de deputados presentes no plenário. "O ideal é que tenhamos mais de 400 deputados em plenário", disse.