Título: Serra recebe a adesão do PV e acena com cargos
Autor: Jamil Nakad Junior
Fonte: Valor Econômico, 14/10/2004, Política, p. A-5

O candidato do PSDB, José Serra, recebeu ontem apoio do PV, partido do ministro Gilberto Gil e integrante da base de apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso. O tucano retribuiu com a promessa de que o PV participaria de seu eventual governo. "A questão ambiental é crucial para o futuro da cidade e o enfrentamento desse problema vai ocupar um papel de primeira hora se ganharmos a eleição. O PV tem quadros e propostas importantes, que não vão estar presentes apenas na nossa campanha", disse Serra. O presidente estadual do Partido Verde, Domingos Fernandes, disse que o PT procurou o partido "de maneira indevida", mas descarta divergências no plano federal. "Continuamos na base de apoio do governo federal, temos um ministro, mas vamos apoiar Serra. A eleição municipal é independente". Fernandes já pensa nos frutos do apoio caso o tucano vença, mas se diz "temeroso" em relação ao que o PSDB pode lhes reservar: "O PV terá espaço e cargos no governo. Tivemos um percalço político com o PSDB em 2002, na eleição para governador. Fizemos a campanha: "Lula lá e Geraldo aqui", mas não tivemos cargos no governo depois. Como não se pode cobrar passivo em política...". O PSDB tem o apoio do PDT. O PMDB e o PSB declararam-se "independentes". Segundo o articulador de alianças da campanha, deputado Aloysio Nunes Ferreira, os tucanos vão conversar com o PMN, PHS e PRP. O candidato do PHS, Francisco Rossi, disse que vota na petista. O PP de Paulo Maluf também já declarou o apoio a Marta. Esse apoio é visto pelo presidente municipal do PSDB, Edson Aparecido, como "sobrenatural". "Conseguimos ampliar a base de apoio e nunca discutimos o apoio de Maluf. Ele passou a campanha inteira dizendo que Marta não foi boa prefeita, acusando-a de uma gestão incompetente. Ela o chamou de nefasto. Agora eles estão juntos? É uma associação sobrenatural". Serra ainda fez campanha de rua em reduto petista. Em corpo-a-corpo no bairro de São Mateus, zona leste - onde Marta Suplicy obteve 53% e Serra, 28% - o tucano criticou a adversária de fazer "fofoca" e dizer mentiras sobre ele ao eleitorado da região. "Eu me dei conta aqui que tem muita fofoca. O pessoal fica dizendo mentiras aos eleitores: 'O Serra vai acabar com isso e aquilo', mas nós estamos presentes para conversar e esclarecer, de maneira pacífica, respeitando voto e a decisão das pessoas", disse. Citou como exemplos das "fofocas" o fim da distribuição gratuita de uniformes escolares e do programa renda mínima. (Com agências noticiosas)