Título: Grupo SEB compra a Panex e adota o Brasil como base exportadora
Autor: Claudia Facchini
Fonte: Valor Econômico, 04/05/2005, Empresas &, p. B8

A multinacional francesa SEB, maior fabricante mundial de eletrodomésticos portáteis e utensílios de cozinha, comprou uma das maiores fabricantes nacionais de panelas, a Panex, dona das marcas Rochedo, Penedo e Clock. O valor da transação não foi revelado. Esta será a segunda aquisição no país da multinacional, que comprou a Arno, uma das maiores fabricantes de eletrodomésticos portáteis, em 1997. Além de assumir uma posição de liderança no mercado interno de panelas, a aquisição da Panex transforma o Brasil em uma plataforma de exportação do grupo francês para a América Latina. A Artésia, empresa de gestão de recursos que controla a Metalfrio, também tinha interesse na aquisição da Panex, mas perdeu a disputa para a SEB após meses de negociações, segundo fontes do setor. A Panex foi assessorada pelo Itaú BBA. Com a Arno, a SEB já disputa com a Walita, da multinacional holandesa Philips, a liderança do mercado brasileiro de eletroportáteis. Mas o mesmo não acontece com a sua marca T-Fal, que possui uma participação inexpressiva, de apenas 1%, no segmento de panelas anti-aderentes. A SEB foi a primeira a lançar panelas com película anti-aderente, que começaram a ser produzidas no Brasil em 1986. Mas sua marca T-Fal foi superada pelas concorrentes, como a própria a Panex, a Tramontina, Trofa, Nigro e Multi-Flon. A Panex detém 20% do mercado do segmento de panelas anti-aderentes, que movimenta cerca de R$ 500 milhões por ano. A SEB será a única fabricante multinacional do setor. Com a aquisição, o grupo francês ocupará o lugar de outra empresa estrangeira, a companhia americana Newell, que despede-se do país. Assim como vários outros grupos internacionais, que vieram atraídos pela euforia do plano Real, a Newell comprou a Panex em 1998, praticamente na mesma época em que a SEB adquiriu a Arno. A multinacional americana, porém, decidiu desfazer-se de todos os seus ativos no setor de panelas em todo o mundo. "O Brasil é um grande produtor de alumínio, a principal matéria-prima, e o maior mercado consumidor latino americano. A SEB vê uma grande oportunidade de desenvolver as exportações da Panex para os demais países da região", afirma Márcio Cunha, presidente da corporação para América Latina. O objetivo, acrescenta, é elevar as vendas externas da Panex, que respondem atualmente por 15% do faturamento da empresa, para 25% em três anos. Segundo Cunha, a meta também é elevar as exportações da Arno de 20% para 25% do faturamento em 2006. As vendas líquidas da Arno totalizaram R$ 390 milhões em 2004. O faturamento líquido da Panex foi de R$ 110 milhões. "Acreditamos que as vendas da Panex crescerão entre 8% e 10% ao ano nos próximos quatro anos", disse Cunha, que manterá as quatro marcas da Panex. A estratégia da SEB, acrescenta, é sempre preservar as marcas locais adquiridas em cada país. Em seu portfólio, a multinacional possui dez marcas. Destas, cinco são internacionais (T-fal, Rowenta, Moulinex, Krups e All-Clad) e cinco são locais (Seb, Calor, Arno, Samurai e Lagostina. Segundo Cunha, a produção das panelas T-Fal, hoje fabricadas na unidade do bairro da Moóca, na capital paulista, será transferida para a unidade da Panex, em São Bernardo do Campo. Na Moóca, só serão produzidos os eletroportáteis da Arno. O executivo afirma que não efetuará demissões.