Título: Lucro do Itaú cresce 30,2% com o aumento do crédito e da margem
Autor: Maria Christina Carvalho
Fonte: Valor Econômico, 04/05/2005, Finanças, p. C2

O aumento das operações de crédito e da margem financeira garantiram ao Banco Itaú Holding Financeira um lucro líquido de R$ 1,141 bilhão no primeiro trimestre, 30,26% superior ao de igual período de 2004 e maior que o resultado de R$ 1,03 bilhão do quarto trimestre, normalmente o melhor do ano. O retorno anualizado sobre o patrimônio atingiu 35,1%. O lucro é o quarto maior trimestral já registrado na história do banco, segundo levantamento da Economatica; e o retorno é o terceiro maior. Os números teriam sido maiores caso o banco não amortizasse de uma só vez os R$ 200 milhões de ágio pago na criação da financeira com a Lojas Americanas ou não tivesse dobrado as despesas com provisões para créditos duvidosos. Tanto os analistas do ING como da Merrill Lynch consideraram os resultados do Itaú "sólidos". Mas, a realização de lucros causou a queda de 2,41% da cotação das ações preferenciais do banco, para R$ 432,31. O analista do ING, Pedro Guimarães, afirmou que o resultado do banco está em linha com o cenário de juros altos e forte crescimento do crédito. Para ele, a questão é como o banco vai reagir à redução dos juros esperada para o segundo semestre. Em relação a isso, porém, o banco está tranqüilo. Como disse o diretor de controladoria do Itaú, Silvio de Carvalho, a previsão é que o juro só vai recuar no último trimestre, com a taxa básica caindo para 18% a 18,5% ao ano, em comparação com os 19,50% atuais. A demanda de crédito está se comportando de acordo com as expectativas mais otimistas. A carteira de crédito, avais e fiança fechou o trimestre em R$ 57,012 bilhões, 27,38% acima dos R$ 44,756 bilhões de igual período de 2004 e 7% maior que os R$ 53,275 bilhões de dezembro. Carvalho informou que as operações com pessoas físicas cresceram 13,7% no trimestre - somente o financiamento de veículos saltou 17% - e 30% em um ano. A carteira de pessoas físicas representou em março 44,4% do crédito total do banco, calculou o analista da ABM Risk, Gustavo Pedreira, contra 38,6% do mesmo mês do ano anterior. Já as operações com pequenas e médias empresas cresceram 5,4% no trimestre. Segundo o diretor de controladoria, o Itaú mantém a perspectiva de fechar o ano com um aumento de 20% a 25% do crédito, projeção que já embute a previsão de que a economia vai crescer 3,5% neste ano, menos do que os 5,1% de 2004. O único ponto de preocupação que apareceu no horizonte, disse Carvalho, foi o aumento da inadimplência em abril. Até março, o índice de operações vencidas há mais de 60 dias sobre a carteira total estava estável em 2,9% - como em dezembro. O comportamento de abril, porém, projeta uma elevação para 3,2% e a perspectiva é de que pode subir a 3,5%. Carvalho disse que o aumento do índice é resultado tanto do cenário econômico (crescimento menor) quanto do aumento das operações de crédito do banco em segmentos mais arriscados como o crédito pessoal. Por isso, o Itaú ampliou em 131,08% as provisões para crédito de liquidação duvidosa, de R$ 326,9 milhões no primeiro trimestre de 2004 para R$ 755,6 milhões em igual período deste ano. O saldo das provisões cresceu R$ 184 milhões para R$ 3,287 bilhões. O aumento dos juros garantiu a expansão da margem financeira do Itaú de 29%, de R$ 2,4 bilhões no primeiro trimestre de 2004 para R$ 3,061 bilhões, o mesmo patamar do último trimestre do ano passado, de R$ 3,6 bilhões se forem excluídos os R$ 612 milhões extraordinários do período. Carvalho afirmou que, apesar da expansão do crédito, o Itaú está confortável em alavancagem. O índice da Basiléia do banco saiu de 20,6% em dezembro para 18,3% em março, mas o executivo explicou que pelo menos 1 ponto é explicado por uma operação com ações feita em nome de cliente, que deixou o banco exposto na virada do trimestre, mas já foi liquidada. Os analistas também notaram a contribuição das receitas de tarifas para os resultados: elas cresceram 27,69% para R$ 1,794 bilhão.