Título: Taxa anual cairia 0,42% com indexação pelo IPCA
Autor: Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 05/05/2005, Brasil, p. A3

Os gastos do consumidor paulistano com energia elétrica teriam sido 22,4% menores nos últimos cinco anos se o índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fosse utilizado como parâmetro de reajuste de tarifas públicas ao invés do Índice Geral de Preços (IGP), calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). A economia com o telefone fixo, outro preço administrado, seria de 17,6%, enquanto os custos com água e esgoto ficariam 22,7% menores, pelos cálculos de Paulo Picchetti, coordenador da pesquisa de preços da Fipe. Para realizar o exercício, o economista utilizou a inflação acumulada entre julho de 2000 a junho do ano passado. Na avaliação de Picchetti, o uso do IGP como indexador gera distorções de preços relativos, uma vez que seu impacto se espalha ao longo da cadeia de consumo. Se a energia elétrica subisse menos, pode ser que o corte de cabelo também mostrasse menor evolução nesse período, pois os gastos com a manutenção do salão seriam reduzidos. E o mesmo poderia ocorrer com outros serviços e produtos, explica. Na inflação total medida pelo IPC ao longo desses quatro anos, o alento seria de 2,12%, pois o acumulado no período passaria de 44,7% para 41,7%. "Pode parecer pouco, mais isso daria uma taxa média anual menor em 0,42%", argumenta Picchetti. "Esse percentual equivale a um ano de inflação em um país civilizado", complementa. Apenas três itens reajustados de forma diferente trariam um alívio muito próximo ao 0,6 ponto percentual acrescentado ao centro da meta de inflação perseguida pelo Banco Central para acomodar os choques de oferta ao longo de 2005. Atualmente, a meta para o ano está em 5,1%. (RS)