Título: Produtores de vinho querem barrar importação de produto de baixo valor
Autor: Sérgio Bueno e Sergio Leo
Fonte: Valor Econômico, 05/05/2005, Brasil, p. A4

Representantes das indústrias de vinhos e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic) reúnem-se nos dias 16 e 17 com membros do governo argentino e de entidades do setor vinícola local para negociar a definição de cotas voluntárias para a exportação do produto do país vizinho ao Brasil. A intenção é barrar o ingresso de mercadorias de baixo valor e qualidade inferior, que acabam roubando espaço da produção nacional no mercado interno. Segundo o presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), Danilo Cavagni, a idéia preliminar é interromper as importações de vinhos com preço FOB de até US$ 12 a caixa de 12 garrafas. Entre este valor e US$ 24 seria estabelecida uma cota de 300 mil caixas por ano e, acima disto, não haveria qualquer tipo de restrição. Cavagni participou de reunião ontem entre a Câmara Setorial do Vinho e o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan. O ministro também determinou a elaboração de um estudo sobre mudanças na tributação sobre a importação de vinhos de fora do Mercosul, que será submetido à aprovação da Organização Mundial do Comércio (OMC). A proposta do setor é substituir a alíquota de 27% por uma tarifa fixa de US$ 0,60 por garrafa, independente do valor unitário. O coordenador da Câmara Setorial do Vinho, Hermes Zanetti, disse que as compras de vinho pelos brasileiros na Argentina tem crescido em um ritmo "explosivo", de quase 6 milhões de litros em 2003 para 11,2 milhões, em 2004, e a perspectiva de 21 milhões de litros neste ano. "Queremos trabalhar com os argentinos e limitar o vinho barato, de baixa qualidade", afirmou Zanetti, que levou, para Furlan, uma garrafa de vinho vendida em Foz do Iguaçu a R$ 1,20. Ele disse que tem apoio dos brasileiros e de produtores argentinos para barrar os produto de má qualidade. "Mostrei a eles o que aconteceu com o vinho branco alemão, que chegou a ter 55% do mercado e, com a má fama, hoje tem 3%."