Título: Previ reestrutura investimentos
Autor: Catherine Vieira
Fonte: Valor Econômico, 14/10/2004, Empresas & Tecnologia, p. B-1

Fundo venderá participações na Tupy e na Terminais Portuários da Ponta do Fé

A Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil e maior da América Latina, está colocando à venda duas participações que possui como controladora. Segundo o diretor de investimentos da entidade, Luiz Aguiar, a primeira delas é no setor de autopeças e a outra, no setor portuário. "São empresas nas quais já investimos em reestruturações e há alguns meses um consultor passou a prospectar informalmente potenciais compradores para nossas participações", diz Aguiar. O diretor não confirmou os nomes das companhias, mas segundo apurou o Valor com uma fonte do mercado, as participações que estão à venda seriam as que o fundo possui na catarinense Tupy e na Terminais Portuários da Ponta do Félix, situada em Antonina, no Paraná. De acordo com a avaliação da fonte consultada, a Previ poderia apurar cerca de R$ 200 milhões com a venda das participações. De fato, o fundo investiu, no ano passado, em reestruturações nas duas empresas, sendo que a da Tupy foi comandada pelo ex-presidente do fundo, Luiz Tarquínio Sardinha Ferro, hoje presidente da empresa. A Previ participa como controladora em 22 empresas das mais de 100 nas quais possui investimentos. O fundo tem outras participações como controlador no setor de autopeças, como a Kepler Weber, mas esta não foi alvo de reestruturação recente. Já no setor portuário, a outra participação do fundo é na Santos Brasil, que está dentro da carteira do antigo fundo CVC Opportunity, ou seja, seria muito difícil que a Previ vendesse essa participação separadamente. O informativo de investimentos do primeiro trimestre, disponível no site da Previ, indica que o fundo possui 29,29% do capital total da Tupy e 43,4% do capital total do Ponta do Félix. Esses percentuais representam ainda um problema de desenquadramento ao percentual máximo permitido para o total de aplicações numa mesma companhia (que é de 20%, segundo as normas da Secretaria de Previdência Complementar - SPC). Na Tupy, uma empresa de fundição voltada para o setor de autopeças, a Previ tem como principal sócio a BNDESPar, que possui 17,6% do capital da companhia. Outros sócios são as fundações Telos e Aerus. No fim do ano passado, após um longo processo, a empresa concluiu a reestruturação da sua dívida na época, de R$ 710 milhões. A Previ e a BNDESPar injetaram R$ 138 milhões na reestruturação, com a compra de debêntures de longo prazo. Os Terminais Portuários Ponta do Félix também são controlados basicamente por fundos de pensão e fez uma reestruturação de sua dívida no ano passado. Em 2003, a nova gestão da Previ, assumida então por Sergio Rosa (ex-diretor de participações na gestão anterior) iniciou um plano estratégico para sua carteira de investimentos, promovendo algumas reestruturações em companhias como a Paranapanema, CPFL, Ferroban, Tupy e Terminais Portuários Ponta do Félix, além de fazer mudanças na gestão de outros grandes investimentos, como Costa do Sauípe. Este ano, o fundo montou algumas operações de pulverização em conjunto com sócios, como a BNDESPar e as próprias empresas. Isso ocorreu na Suzano e Weg, que tiveram sua liquidez em bolsa elevada após as pulverizações. Um outro sinal de prosseguimento das estratégias da Previ foi a recente operação feita com a CPFL, uma das empresas da carteira que foi reestruturada e que realizou uma oferta pública inicial com grande sucesso no mês passado. Por outro lado, o fechamento de capital da Bunge, que também fazia parte da carteira da Previ, demonstra que o fundo está organizando a carteira de modo a ficar com os ativos que são mais interessantes para suas necessidades. Segundo o diretor da Previ, a venda faz parte de um plano de investimentos anteriormente traçado para melhorar o perfil da carteira e fazer jus às necessidades de pagamentos de benefícios do fundo. Ele, no entanto, afirma que não existe intenção nenhuma de sair de grandes investimentos que oferecem ótimos resultados e dividendos, como a Vale do Rio Doce e a Perdigão. Pelo contrário, com a venda de ativos de menor porte, é possível focar na gestão das participações de maior porte. A direção da Tupy não quis comentar o eventual interesse da Previ na venda dos ativos. "Não cabe a nós emitir opinião sobre isso", informou a empresa por meio de sua assessoria. O Valor não conseguiu fazer contato com a direção dos Terminais Ponta de Félix.