Título: Temer comandará PMDB nas eleições de 2006
Autor: Henrique Gomes Batista e Cristiano Romero
Fonte: Valor Econômico, 05/05/2005, Política, p. A11

A Executiva Nacional do PMDB decidiu ontem, por 11 votos a um, prorrogar por um ano o mandato dos dirigentes do partido. O fim do atual mandato da Executiva Nacional, que já havia sido prorrogado uma vez e deveria acabar em março de 2006, só ocorrerá agora em março de 2007. Com isso, o presidente do partido, deputado Michel Temer, que defende independência em relação ao governo, comandará a sigla durante o processo eleitoral do próximo ano. As executivas estaduais também tiveram seus mandatos prorrogados até dezembro de 2006. A decisão cria mais dificuldades para a negociação que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva trava com o partido para receber apoio à sua reeleição em 2006. "A prorrogação do mandato foi uma decisão tranqüila e natural. Todos os outros presidentes do partido também tiveram prorrogação de mandato, ainda mais em anos eleitorais", justificou Michel Temer. Ele disse que não há recurso cabível para contestar a prorrogação, que, em tese, não interessa à ala governista do PMDB. "O principal significado dessa prorrogação é que a atual executiva vai conduzir o partido nas próximas eleições", reconheceu Temer. O único voto contrário na votação secreta da Executiva Nacional foi dado pelo líder do partido no Senado, Ney Suassuna (PB). "Não votei contra o mérito, mas pela forma como foi feita a reunião. Fui avisado na noite anterior e não tive tempo sequer de debater o assunto", disse ele. O senador admitiu não ter certeza sobre a possibilidade de recurso contra a decisão e reconheceu que, mesmo se couber, não sabe se alguém fará isso. Uma possibilidade é um dos integrantes da Executiva convocar uma nova convenção do partido e, no encontro, tentar-se a anulação da prorrogação dos mandatos. Temer sustentou que a crítica à convocação com poucas horas de antecedência não é válida. "Lembrei ao senador (Suassuna) que em novembro seu grupo dentro do partido decidiu convocar uma reunião da executiva - utilizando a possibilidade regimental da convocação por um terço da diretoria do partido - e eu também soube na véspera. Isso é legítimo", disse ele. Temer acredita que o clima dentro do partido é muito propício à candidatura própria à presidência da República. A decisão foi tomada na convenção realizada em dezembro pela sigla, sob pressão de seus três governadores na região sul. "Já avisei ao presidente Lula que o maior impedimento à aliança com o PMDB é a reafirmação do PT em lançar candidatos próprios nos Estados", observou. Ele salientou que, caso caia a verticalização das coligações, a situação tende a mudar. "Com a verticalização, é mais difícil para qualquer partido fazer coligações." No PMDB governista, a decisão da Executiva foi vista como um problema do governo, que ainda não teria atendido às reivindicações do partido. Ontem, preocupado com a situação, o presidente Lula decidiu convocar reunião com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), os líderes do partido no Senado, Ney Suassuna (PB), e na Câmara, José Borba (PR), e com os ministros da sigla - Romero Jucá (Previdência) e Comunicações (Eunício Oliveira). O encontro acontecerá hoje, às 17h30.