Título: Microcrédito do Banco do Povo cresce 45% este ano
Autor: Altamiro Silva Júnior
Fonte: Valor Econômico, 14/10/2004, Finanças, p. C-3

Emprestar para o mercado informal foi a solução encontrada pelo Banco do Povo da região de Juiz de Fora (MG) para crescer. A grande maioria dos empréstimos do banco (70,69%) está com empreendedores da economia informal. Com isso, o volume de empréstimos da instituição nos primeiros oito meses deste ano cresceu 45% (em comparação com o mesmo período de 2003) e chegou a R$ 3,8 milhões. "Crescemos acima das expectativas", diz Eduardo Villani, gerente geral do Banco do Povo (que oficialmente se chama Fundo de Apoio ao Empreendimento Popular). Com a melhora dos resultados, o Banco do Povo tem planos ambiciosos. Segundo Villani, a idéia é transformar a instituição no maior fornecedor de microcrédito do Brasil. O primeiro passo será a expansão das atividades (que hoje se concentra na Zona da Mata mineira), para o sul do Estado. O projeto seguinte é atender a todo o Estado de Minas. Para se regionalizar, o banco já pediu um aporte de R$ 3 milhões ao Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) - instituição que tem sido a principal fornecedora de recursos para o banco, com empréstimos de R$ 2 milhões. Logo após a criação do Banco do Povo, em agosto de 1997, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) emprestou R$ 1 milhão. Mas os recursos do governo federal pararam por aí. A sede do banco, em Juiz de Fora, foi cedida pela Caixa Ecônomica Federal.

Apesar de a grade maioria dos empréstimos ser para o mercado informal, o Banco do Povo registra em 2004 as menores taxas de inadimplência de seus sete anos de existência. Elas chegaram a 2,37% em julho, depois de bater em 12,73% em abril do ano passado. O banco empresta a 3,9% ao mês. Este ano, de janeiro a agosto, foram 1.838 operações de empréstimos (crescimento de 35% em relação a 2003). Segundo Villani, uma das formas de evitar perdas de recursos é checar, in loco, o empreendimento da pessoa que pede crédito, muitas vezes localizado em regiões de difícil acesso. Estas visitas são periódicas e acontecem mesmo após o empréstimo. Outro fator é oferecer cursos para o microempreendedor. Para Villani, estes são exemplos que ilustram por que o microcrédito não emplacou nos bancos comerciais - . "É uma outras lógica, com características bem diferentes do crédito tradicional", diz. O executivo acredita, porém, que, para crescer mais, as instituições especializadas em microcrédito terão que fazer parcerias com bancos privados, principalmente para ter acessos a mais recursos.