Título: Genoa comercializa vacina contra câncer no Brasil
Autor: Cibelle Bouças
Fonte: Valor Econômico, 05/05/2005, Empresas &, p. B8

O grupo Genoa está lançando no Brasil a Hybricell, primeira vacina desenvolvida no país para tratamento de câncer de rim em estágio de metástase (fase mais avançada da doença) e câncer de pele (melanoma). O produto foi pesquisado por dez anos e, desde 2001, foi desenvolvida em parceria pela Oncocell, do grupo Genoa, pelo Hospital Sírio Libanês e pelo Departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP. Fabio Diogo, vice-presidente da Genoa, diz que o investimento feito pela empresa na produção de vacinas durante a fase de pesquisas foi de R$ 1,5 milhão. Segundo ele, há interessados em adquirir a tecnologia em cerca de 12 centros de oncologia no país. A vacina será disponibilizada, em princípio, para a região Centro-Sul e o custo médio é de R$ 3,5 mil por dose. Diogo diz que é cedo para prever o potencial de venda do tratamento, mas diz que solicitou à Agência Nacional de Saúde (ANS) a sua inclusão na lista de procedimentos médicos aceitos por operadoras de saúde. "Há procura por algumas empresas e a expectativa é que o tratamento seja adotado dentro de um ano e meio." No mercado externo, há vacinas semelhantes para tratamento do melanoma em desenvolvimento na Austrália e no Canadá e pesquisas nos Estados Unidos para o câncer de rim. A Glaxo SmithKline, o maior laboratório farmacêutico da Europa, também desenvolve vacina experimental contra câncer de útero e câncer cervical, que deve gerar negócios próximo a US$ 4 bilhões anuais, segundo analistas ouvidos pela Reuters. Alexandre Barbuto, professor da USP e acionista do grupo, observa que a vacina comercializada pela Genoa é diferente do produto em estudo pela Glaxo por ser um tratamento individualizado. A vacina utiliza células tumorais do paciente e deve ser aplicada no prazo de até 9 horas após sua produção. "É um processo artesanal e por isso a produção é limitada", diz Barbuto. Ela é injetada na pele do paciente a cada 40 dias e pode ser administrada com outras terapias. Segundo Barbuto, a vacina ativa o sistema imunológico e, em 80% dos casos, houve interrupção na evolução do tumor. Agora, os pesquisadores desenvolvem testes com pacientes com outros tipos de câncer, como mama, bexiga e cólo de útero. A empresa também estuda uma vacina para tratamento de câncer em cães e cavalos.