Título: Câmbio deve reduzir o lucro da Embraer
Autor: Tatiana Bautzer
Fonte: Valor Econômico, 05/05/2005, Empresas &, p. B9

O presidente da Embraer, Maurício Botelho, diz que a valorização do real reduzirá o lucro da companhia a curto prazo. "O dólar a R$ 2,49 é equivalente ao de 2002. Desde então já tivemos três datas-base com reajuste de 35% dos salários. Isso reduz a margem de lucro e a capacidade de reinvestimento da companhia", afirmou Botelho. O presidente da Embraer diz que flutuações de curto prazo no câmbio têm um efeito diluído sobre a competitividade porque os contratos são de longo prazo, mas a manutenção do câmbio a níveis baixos por muito tempo prejudica a lucratividade. Botelho diz que, apesar dos riscos, não é favorável a controles ou bandas cambiais. Os dois novos jatos executivos da companhia terão como principal mercado os Estados Unidos, que tem a maior frota de aviões executivos do mundo, 8 mil aparelhos. Todos os países da Europa Ocidental têm juntos 2.500 e o Brasil, 800 aeronaves. A expectativa da Embraer é atingir mil a dois mil aviões dos segmentos "very light" e "light" em dez anos, o que representaria uma participação de 30% no mercado de jatos executivos. O percentual da receita no segmento hoje é de 7%, e a empresa espera elevá-lo para 15%, mesmo percentual desejado para a área de defesa. Um dos maiores problemas para a Embraer no lançamento dos jatos será oferecer um serviço de atendimento pós-venda ao comprador. Esse foi um dos fatores considerados para a escolha da fabricante de motores Pratt & Whitney como fornecedora dos motores dos novos aviões. A Embraer também está trabalhando para credenciar prestadores de serviços para a manutenção dos aviões. Na Europa, o serviço será prestado pela OGMA (Indústria Aeronáutica de Portugal), na qual a Embraer comprou uma participação de 65% em consórcio com a EADS, maior empresa aeronáutica européia (European Aeronautic Defence and Space Company). O percentual de nacionalização dos novos jatinhos deve ser um pouco menor que 50%, já que a estrutura do avião que é desenvolvida internamente representa um percentual menor do preço porque é menor e mais simples. A Embraer contratou uma empresa americana de pesquisas de mercado para definir os nomes para os aviões. O modelo menor, super light, custará US$ 2,49 milhões, e o light, US$ 6,65 milhões. O perfil do comprador desse tipo de jato é de pessoas físicas de alto poder aquisitivo e companhias médias, além de empresas de táxi aéreo. Ao contrário de jatos maiores como o Legacy (US$ 22,5 milhões), os aviões menores têm vendas concentradas nos EUA e Europa.