Título: EUA vêem o Brasil como líder na soja em cinco anos
Autor: Alda do Amaral Rocha
Fonte: Valor Econômico, 05/05/2005, Agronegócios, p. B16

Em três a cinco anos, o Brasil deve se tornar o maior produtor mundial de soja. E esse crescimento se dará principalmente em função do avanço do plantio em áreas de fronteira do nordeste do Mato Grosso, Tocantins e Pará. Essas sãos as conclusões do relatório "Brasil - Oleaginosas e Derivados", do Serviço Agrícola para o Exterior do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos - USDA. O relatório, produzido pela adida agrícola da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Elizabeth Mello, prevê crescimento de 4% na área de soja do Brasil em 2005/06, alcançando 23,8 milhões de hectares. "O crescimento é esperado no Centro-Oeste, Bahia e outras áreas de expansão para o Norte. O Sul, no entanto, deve manter a mesma área devido à menor disponibilidade de terra para expansão e à situação desencorajadora da soja na região nos últimos dois anos". Com essa expansão na área, a produção estimada pelo órgão americano é de 59 milhões de toneladas em 2005/06. Para safra atual, a previsão é de 54,5 milhões de toneladas em função da forte seca que derrubou a produção no Sul do país. Com isso, a exportação deve atingir 23,4 milhões ante 19,2 milhões este ano. No relatório, Mello afirma que em "embora os produtores brasileiros estejam enfrentando custos crescentes de produção e preços menores no mercado, a expansão continua nas áreas de fronteira (...) Uma recente viagem a essas regiões revelou que o processo de abertura de novas áreas não diminuiu no Norte apesar dos preços baixos da soja e gado bovino. Enquanto muitos agricultores estão abrindo terras no cerrado e em regiões de floresta para pastagem, parece que a maioria dos produtores estão agora plantando uma safra inicial de arroz ou simplesmente indo diretamente para a soja". O Ministério da Agricultura concorda que o Brasil possa se tornar um líder mundial na produção, mas nega que o crescimento da área esteja se dando em regiões de florestas. De acordo com Sávio Pereira, coordenador geral de oleaginosas e fibras da Secretaria de Política Agrícola do Ministério, o aumento do plantio de soja se dá em "áreas que já estavam abertas ou para pastagem ou para arroz". Um analista da área agrícola da embaixada americana disse que, ao apontar o avanço em áreas de florestas, o órgão apenas mostra "uma tendência que deve continuar nos próximos anos". Pereira avalia que se o crescimento da área de soja no Brasil mantiver o ritmo de 4% e a produtividade ficar em níveis normais (cerca de 2,8 mil quilos por hectare), em cinco anos o país pode se igualar aos Estados Unidos, que em 2004/05 produziram 84 milhões de toneladas de soja. Pelos seus cálculos, com um aumento de 4% ao ano, em cinco anos, a área chegaria a 28 milhões de hectares. Nos EUA, que plantaram 29,9 milhões de hectares em 2004/05, a produtividade média é de 2,5 mil quilos por hectare.