Título: Fórum Nacional debaterá agenda para atingir crescimento sustentado
Autor: Chico Santos
Fonte: Valor Econômico, 06/05/2005, Brasil, p. A2

O Brasil precisa libertar-se da "síndrome macroeconômica" - que o torna "vulnerável a freqüentes crises externas", mantendo a política econômica focada na consolidação dos "bons fundamentos" - e partir para a construção de uma agenda, inspirada nos exemplos da China e da Índia, que permita um crescimento sustentado e transitar para a chamada "economia do conhecimento". Essa será a idéia central que permeará os debates do XVII Fórum Nacional, evento promovido pelo Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), que acontece na próxima semana, entre os dias 9 e 12, no Rio. "Está na hora de fazer o futuro. Não é um beco sem saída (o futuro do Brasil), mas é uma senda estreita. São veredas. É preciso cuidado para não se inclinar para a direita ou para a esquerda", disse ao Valor o ex-ministro do Planejamento (governos Médici e Geisel) João Paulo dos Reis Velloso, superintendente-geral do Inae. E por que China e Índia? "Eles assumiram o compromisso com o pragmatismo e com a economia de mercado", responde. Para Velloso, o período de 1950 a 1970 foi o do "milagre japonês", e de 1960 a 1980 foi o do "milagre sul-coreano". A China começou o seu "milagre" em 1979, crescendo desde então à média de 9,5% ao ano, e a Índia iniciou o seu salto em 1985. Da mesma forma, diz Velloso, o Brasil precisa enfrentar o desafio de manter um crescimento sustentado de pelo menos 4% a 5% em um primeiro momento. O ex-ministro acredita que, se o Brasil mantiver uma taxa de crescimento "razoável" a médio prazo e trabalhar a infra-estrutura, "que vai mal, obrigado", conseguirá evitar que os gigantes asiáticos se distanciem na corrida pelo desenvolvimento. A meta é partir depois para taxas de crescimento mais elevadas. "O desafio brasileiro tem um agravante: eles (China e Índia) já têm programas de evolução para a economia do conhecimento (economia baseada, principalmente, nas possibilidades geradas pela tecnologia da informação). O da China é de 2001 e o da Índia, de 2004. Se eles entrarem, o Brasil vai, realmente, ficar para trás", alerta. Para Velloso, os gigantes asiáticos "têm suas vulnerabilidades", mas estão conseguindo empurrá-las para a frente e manter o crescimento. O Fórum será aberto às 14h30 da segunda-feira, na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci, com uma palestra sobre o tema "A estratégia econômica para consolidar o crescimento sustentado". O programa prevê as participações de dez ministros do governo do presidente Lula, incluindo, além de Antonio Palocci, José Dirceu (Casa Civil), Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) e Dilma Rousseff (Minas e Energia). Os cinco grandes painéis de debates vão tratar do desafio de implementar uma política industrial e tecnológica de inovação; a modernização da infra-estrutura; a nova revolução do agronegócio, baseada na economia do conhecimento; estratégias para o desenvolvimento do Nordeste e da Amazônia; e a proposição de um programa para que o Brasil evolua para a economia do conhecimento.