Título: Grupo pode perder hotel nas cataratas do Iguaçu
Autor: Catherine Vieira
Fonte: Valor Econômico, 06/05/2005, Empresas &, p. B4

Trinta e oito anos depois de entrar no Parque Nacional do Iguaçu, a rede de hotéis Tropical, do grupo Varig, corre o risco de perder seu mirante privilegiado para as cataratas. O arrendamento do imóvel, que pertence à União, vence em 22 de agosto e uma nova licitação está sendo preparada, o que deve atrair o interesse de outros grupos. Além disso, empresários de Foz do Iguaçu querem impedir que o prédio seja usado como hotel, onde preferem ver um museu e um centro de estudos ambientais. Construído nos anos 50, o hotel foi administrado primeiramente pela Realtur, rede adquirida pelo grupo Varig em 1967. Ele tinha 47 quartos e foi ampliado ao longo do tempo. No local a Tropical oferece atualmente 200 quartos ao preço médio de US$ 200 a diária, e tem ocupação de 96%. A empresa aérea costuma usar o empreendimento em promoções no Brasil e no exterior para aumentar a venda de passagens. Os turistas de fora são os principais clientes. De lá é possível ir a pé até as cataratas, principal atração do Paraná. Procurada pelo Valor, a Varig não comentou o assunto. O gerente regional da Secretaria do Patrimônio da União, Dinarte Vaz, informou que até agora foram feitas duas licitações para o arrendamento do prédio, em 1957 e em 1966. "Uma nova licitação está sendo preparada e o laudo de avaliação ficará pronto nos próximos dias", disse. Segundo ele, o valor atual do arrendamento é de R$ 134 mil por mês. Metade disso vai para o Tesouro e metade para o Ibama, que cuida do parque. No dia 27 de abril, lideranças empresariais de Foz enviaram ao Ministério do Planejamento, responsável pelo patrimônio, pedido de cancelamento da licitação. Eles apresentaram estudo da Universidade Cândido Mendes, do Rio de Janeiro, que sugere o uso do imóvel para ouros fins. "Deve funcionar outra atividade dentro do parque, que agregue valor ao município", diz o presidente da associação comercial, Wanderley Teixeira. Segundo ele, o hotel é "extremamente lucrativo". "Se considerarmos que eles ocupam 180 apartamentos, a US$ 200 por dia, o faturamento com as diárias passa de US$ 12 milhões por ano", calcula. O movimento contra o funcionamento do hotel começou há dois meses. Os empresários alegam que a atividade é prejudicial ao meio ambiente e também aos hotéis que estão fora do parque.