Título: Grupo Suzano deseja liderar consolidação dos ativos do Sudeste
Autor: André Vieira
Fonte: Valor Econômico, 06/05/2005, Empresas &, p. B8

O desfecho da venda da Basell, a gigante petroquímica comprada ontem por um consórcio russo-indiano, pode acelerar os planos do grupo Suzano. A empresa petroquímica controlada pela família Feffer deseja liderar a consolidação dos ativos do setor espalhados nos Estados do Sudeste. A intenção do grupo é reunir as fabricantes de resinas termoplásticas - usadas pela indústria plástica - na Suzano Petroquímica, que abrigaria Polibrasil, a joint-venture entre Suzano e Basell, produtora de polipropileno, e a Rio Polímeros (Riopol), empresa de pólo gás-químico e fabricante de polietileno, que entra em operação na metade deste ano, no Rio de Janeiro. A nova Suzano teria interesse em atrair a parceira da Petrobras, sócia na Riopol, em um arranjo similar ao que está sendo montado pela estatal com a Braskem, a maior empresa do setor. O plano é fazer com que BNDES e Unipar troquem suas participações na Riopol por ações da Suzano Petroquímica. A nova empresa alcançaria receitas estimadas em R$ 3 bilhões por ano, atrás apenas da petroquímica controlada pela Odebrecht. "Queremos ser o segundo player do setor", diz João Pinheiro Nogueira Batista, vice-presidente executivo do grupo. "Para isso, temos o interesse em consolidar os ativos de segunda geração no Sudeste." A Petrobras deu um forte impulso à intenção dos grupos privados em formar parcerias ao refazer, na sexta-feira, os termos de sua opção de aumentar sua fatia no capital da Braskem. A estatal decidiu deter uma posição relevante como minoritária na empresa do grupo Odebrecht sem deixar de participar de outras empresas. "Somos a favor da formação de um segundo grupo petroquímico, que pode envolver os ativos do Sudeste, e acreditamos que alguém tenha de liderar o processo", disse José Carlos Grubisich, presidente da Braskem, que domina o pólo Nordeste e co-controla o do Sul. A venda da Basell foi anunciada ontem pelos controladores Basf e Shell. A companhia, uma das maiores fabricantes de resinas, foi vendida por 4,4 bilhões de euros mais dívidas para o grupo Access, sediado nos EUA, e controlado pelo magnata russo do petróleo Len Blavatnik, que se associou ao grupo indiano Chatterjee. Encerrada a incerteza quanto aos novos controladores da Basell, a Suzano pretende conversar com os novos donos para saber dos interesses do grupo em relação ao seu ativo no Brasil. A Polibrasil, que faturou R$ 2,37 bilhões em 2004, é uma joint-venture em partes iguais, criada em 1978. A posição a ser tomada pelos novos controladores da Basell na Polibrasil é que definirá o tamanho do grupo Suzano na nova empresa. Caso assuma a parte da Basell, a Suzano elevaria sua receita, na nova composição, para mais de R$ 4 bilhões, além de deixar numa posição favorável na modelagem acionária da nova empresa. Mas, mesmo que os novos donos optem por continuar com a fatia de 50% da Polibrasil, a Suzano pretende convencê-los a se tornarem sócios da Suzano Petroquímica, levando adiante seu desenho para o setor. Na Riopol, onde a Suzano possui 33% do controle em igual número de ações do grupo Unipar, a expectativa é que a empresa gere, ao longo de 12 meses, receita ao redor de R$ 1 bilhão. Uma segunda fase da consolidação do Sudeste pode envolver a Petroquímica União (PQU), a central de matérias-primas de São Paulo, cujo principal controlador é a Unipar, com 37,2% do capital. Neste caso, a união de ativos passaria pela reorganização das participações acionárias hoje detidas por Dow (13%), Ultra (1,9%), Unigel (1,9%) e pela própria Polibrasil (6,8%).