Título: BNDES financia projeto da P-51 e P-54
Autor: Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico, 06/05/2005, Empresas &, p. B11

As plataformas P-51 e P-54, emblemáticas no esforço do governo de elevar a exigência de conteúdo nacional na produção de bens e serviços para a indústria do petróleo, receberão financiamentos de até US$ 642 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O anúncio oficial dos empréstimos para a P-51 e P-54, que poderão atingir índices de nacionalização de 70% e 65%, respectivamente, foi feito, ontem, no Rio, pelos presidentes do BNDES, Guido Mantega, e da Petrobras, José Eduardo Dutra. Ao discursar, Dutra fez um desabafo. Disse que os projetos confirmam a visão que o atual governo tinha desde a campanha eleitoral, em 2002, em relação à importância de incluir a exigência de conteúdo nacional na construção das plataformas. "Alguns diziam que era visão equivocada, retrógrada, nacionalismo atrasado. Nós dizíamos que a Petrobras estava introduzindo exigências sem abrir mão da competitividade, da eficiência, dos preços competitivos em nível internacional, dos prazos", afirmou o presidente da Petrobras. Dutra disse que as plataformas vão agregar 360 mil barris/dia à produção de petróleo, a partir de 2007, quando entrarão em operação, e contribuirão para a auto-suficiência do Brasil. "Vamos atingir auto-suficiência em 2006 e ela será mantida por vários projetos em andamento", previu Dutra. O presidente do BNDES avaliou que o financiamento às plataformas é importante porque representa o "coroamento" da política industrial do governo. "Ela (a política) implica em que a Petrobras, que é a empresa que mais investe no país, canalize o efeito dos investimentos para desenvolver a indústria nacional. Para Mantega, a exigência de um índice de 65% de nacionalização das plataformas está dando dinamismo à indústria, sobretudo no segmento naval. O diretor das áreas industrial e de comércio exterior do BNDES, Armando Mariante, informou que o financiamento do banco para a P-51 será de até US$ 370 milhões, com prazo para pagamento de treze anos e meio, com carência de três e meio. Já o empréstimo para P-54 será de até US$ 272 milhões, com prazo de treze anos, sendo três de carência. O custo dos empréstimos será de libor (taxa interbancária do mercado londrino) mais 2,5% ao ano. Os financiamentos serão concedidos à Petrobras Netherlands B.V (PNBV), subsidiária holandesa da Petrobras. Caberá a ela importar as embarcações e arrendá-las à Petrobras para a operação no Brasil. A P-51, plataforma do tipo semi-submersível, será instalada no campo de Marlim Sul, na Bacia de Campos, e produzirá 180 mil barris/dia de petróleo e seis milhões de metros cúbicos de gás natural por dia. O projeto da P-51, cujo casco está sendo construído na Nuclep, em Itaguaí, foi ganho pelo consórcio Keppel Fels/Technip. A integração das partes do casco e do "topside" será feita no estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis. Já a P-54, um navio transformado em plataforma, terá idêntica capacidade de produção da P-51 e se destina ao campo de Roncador, na Bacia de Campos. A conversão do navio em plataforma está sendo feita em Cingapura e a montagem dos módulos será concentrada no estaleiro Mauá, em Niterói. O investimento total na P-51 é estimado em R$ 2,3 bilhões e da P-54, em R$ 2,4 bilhões.