Título: Casseb, ex-presidente do Banco do Brasil, assume o comando da Coinbra
Autor: Daniela D'Ambrosio
Fonte: Valor Econômico, 09/05/2005, Brasil, p. A2

No próximo dia 18, o ex-presidente do Banco do Brasil, Cassio Casseb, assume o comando da Coinbra, empresa do grupo familiar francês Louis Dreyfus. Casseb encerrou em março o período de quarentena cumprido após a sua saída do banco, em novembro, em meio a uma crise política. A Coinbra é uma trading company que atua no Brasil com os mercados de laranja, soja, algodão, óleos vegetais e açúcar e álcool. Faturou US$ 1,6 bilhão em 2004 no país e possui 7,2 mil funcionários. O faturamento global do grupo gira em torno US$ 20 bilhões por ano. Embora seja sua primeira experiência em uma empresa de commodities agrícolas, ao assumir a presidência da Coinbra, Casseb, de 49 anos, volta ao mundo empresarial. Engenheiro formado pela Escola Politécnica de São Paulo, antes da sua passagem de dois anos pelo governo, o executivo havia atuado nas reestruturações da Credicard, da holding do grupo Steinbruch e da Inepar. Participou também dos conselhos de administração da BM&F e da Telecom Itália - por conta disso, esteve entre os membros do primeiro escalão do governo investigados pela Kroll, contratada pela Brasil Telecom para acompanhar a Telecom Itália. No mercado financeiro, Casseb atuou entre 1976 e 1997, com passagens pelos bancos Boston, BFB, SRL e Citibank. "Gosto de surfar ondas grandes", disse ele, ontem, ao Valor. "Vivi o ciclo de transformação dos bancos, passei por telefonia e energia e agora assumo uma área que, acredito, terá grandes mudanças no Brasil e no mundo", afirmou. Para Casseb, o modelo de trading pura - empresa que compra mercadoria para exportá-la - perde espaço. Cada vez mais, o negócio estará mais fundamentado em atividades agrícolas, logística e industrial. "Esse é um caminho que a Coinbra já vem seguindo", diz. Com trânsito no governo, nos meios financeiro e empresarial, Casseb diz que seu grande desafio será aprender essa nova atividade. "Tenho experiência em liderar, escolher profissionais, definir estratégias e implementá-las", disse. "Agora vou mergulhar no setor", afirmou, sem detalhar, no entanto, seus planos para o novo cargo. Casseb chegou à Coinbra por intermédio de Patrice de Camaret, que foi presidente do grupo no Brasil e agora é um dos executivos da companhia na Europa. Embora não tivessem trabalhado juntos, Casseb e Camaret (brasileiro de origem francesa) já se conheciam desde o início dos anos 90. Quando Camaret saiu do BFB, Casseb entrou na instituição financeira. A área de commodities do grupo foi assumida recentemente por Robert Louis Dreyfus, descendente direto dos fundadores e um dos principais acionistas do grupo. "É um executivo dinâmico e criativo", diz Casseb. O grupo tem planos ambiciosos para o Brasil. Recebeu um financiamento de R$ 168,3 milhões do BNDES de um total de R$ 436 milhões que a Coinbra investirá nas unidades de Mato Grosso, Goiás, Paraná e São Paulo. Com duas unidades processadoras de suco (Matão e Bebedouro), e uma terceira arrendada da Citrus Kiki, a empresa anunciou, recentemente, investimento de US$ 15 milhões no plantio de 1 milhão de pés de laranja em 2005.