Título: Até um mês para voltar a vender carne aos EUA
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Fonte: Valor Econômico, 09/05/2005, Agronegócios, p. B15

As exportações brasileiras de carne bovina industrializada para os Estados Unidos devem ser retomadas em "duas a três semanas", prevê o diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) do Ministério da Agricultura, Nelmon Oliveira. Na quinta-feira, o Ministério decidiu suspender temporariamente a produção e a certificação de carne bovina destinada aos EUA. Na sexta, Costa admitiu que a medida foi tomada para evitar que os americanos o fizessem alegando descumprimento do acordo de equivalência sanitária na área animal. Se os EUA decidissem suspender, o embargo poderia demorar seis meses, gerando maiores prejuízos, afirmou o diretor do Dipoa. Uma missão americana que esteve no país em abril apontou irregularidades no sistema de inspeção de frigoríficos, como a contratação de inspetores para fiscalização dos frigoríficos indicados por prefeituras e pagos pelas próprias empresas e falhas nos controles das plantas. Costa acredita que o embargo às vendas será suspenso "em menos de um mês", pois governo e indústrias estão agindo para atender às exigências dos americanos. Segundo ele, o Ministério está convocando 100 fiscais e planeja contratar mais 210 em 30 dias - o que depende da liberação de recursos pelo Ministério do Planejamento. Dessa forma, será atendida à exigência dos EUA - e da União Européia - que não aprova inspetores pagos pelos frigoríficos. Para atender outra demanda dos EUA, o ministério contratará consultores internacionais para treinar os inspetores. Segundo Costa, as empresas também estão contratando consultores para treinar funcionários da área de controle e qualidade. A padronização da metodologia de análise dos laboratórios oficiais e dos credenciados é outra exigência americana que será atendida pelo governo brasileiro. Costa explicou que a cada cinco a sete anos, os EUA fazem missões para avaliar a equivalência sanitária. Essas missões são mais rigorosas do que as rotineiras, feitas a cada ano. Segundo o diretor, a missão identificou fragilidades no acordo sanitário, o que o governo reconheceu existir. "Os americanos foram leais. Em janeiro, eles avisaram que seriam rigorosos. (...) Mas não achávamos que seriam tão rigorosos", comentou Costa. Para ele, a suspensão dos embarques não deve atrasar a abertura dos EUA à carne in natura do Brasil. "Estamos fazendo o dever de casa, o que pode até acelerar esse processo", afirmou.(AAR)