Título: Cenário de ajuste no PR e em GO
Autor: Sérgio Bueno
Fonte: Valor Econômico, 09/05/2005, Agronegócios, p. B16

A seca que atingiu o Paraná fez a Organização das Cooperativas do estado (Ocepar) rever para baixo a previsão de faturamento do setor para 2005. A previsão inicial era de receita 15% superior à de 2004, o que elevaria o valor de R$ 18 bilhões para quase R$ 21 bilhões. Mas a expectativa atual é de crescimento de 8%, para R$ 19,5 bilhões. O superintendente-adjunto da Ocepar, Nelson Costa, afirma que as cooperativas vivem momentos difíceis. "Mas as cooperativas estão sólidas e não há risco de quebra", garante. Segundo ele, os investimentos em andamento no setor serão mantidos. O presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski, tem pressionado o governo federal para a liberação de linhas de crédito para cooperativas para a repactuação das dívidas de produtores. Nas últimas semanas, agricultores do interior do Paraná fizeram manifestações, fechando rodovias e protestando em frente a agências do Banco do Brasil e entrepostos da Coamo, a maior cooperativa do país, com sede em Campo Mourão (PR). "O agricultor não tem como pagar a conta", diz Costa. Segundo ele, o crédito rural oficial atendeu cerca de 30% da demanda por financiamentos. Outros 30% foram bancados pelos produtores. Para o restante, os produtores buscaram outras fontes de recursos, como cooperativas e agroindústrias. O baixo preço dos produtos é outro complicador. Em anos anteriores, de 30 a 35% da safra de soja era vendida antecipadamente, mas esse número caiu para 10%, o elevando a necessidade de financiamento. No Centro-Oeste, o clima seco causou problemas pontuais, mas não chegou a comprometer a produção de grãos, de acordo com José Valter Vilela, superintendente comercial da Comigo, com sede em Rio Verde (GO). A expectativa é de que o volume negociado pela cooperativa cresça, mas a rentabilidade será menor. A situação é de aperto no orçamento, diz Vilela, mas não é o caso de cortar os custos com pessoal na cooperativa. "Teremos recepção recorde de soja neste safra, de 780 mil toneladas, 24% maior que a safra passada". Segundo Vilela, o faturamento deve ser maior por conta do volume, mas a receita poderia ser maior se o câmbio não tivesse se desvalorizado. No ano passado, a Comigo faturou cerca de R$ 930 milhões. A expectativa para este ano é superar R$ 1 bilhão. Segundo Vilela, parte dos cooperados da Comigo já pediu prorrogação de suas dívidas.