Título: Comércio lucra com serviço de banco
Autor: Alex Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 09/05/2005, Finanças, p. C1

Uma pesquisa encomendada pela Caixa Econômica Federal aponta que estabelecimentos comerciais que se tornam correspondentes bancários aumentam seu faturamento em cerca de 30%. A receita se origina sobretudo do aumento do movimento no ponto de venda - o que aquece os negócios na atividade principal do estabelecimento. A cobrança de tarifas pelos serviços bancários amplia os ganhos apenas de forma secundária. O levantamento, feito com uma amostra de 600 correspondentes de todos os Estados do país, mostra ainda que 96% dos proprietários de pequenos negócios que viraram correspondentes se dizem satisfeitos ou muito satisfeitos com a parceria. Entre os clientes, o grau de satisfação é de 93%. O banco encomendou a pesquisa para subsidiar planos de expansão da rede de correspondentes. Hoje, a Caixa já é o banco com o maior número de correspondentes no país, com um total de 13 mil pontos. Mas a maior parte (9 mil) é formada por lotéricos, e apenas 3,7 mil são estabelecimentos comerciais, principalmente mercados e mercearias. Os plano são de expandir o número de correspondentes a uma velocidade de 3 mil por ano, até atingir 20 mil em 2007. Como parte dessa estratégia, na semana passada o banco fechou uma parceria com a Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) para selecionar novos estabelecimentos. "Os serviços bancários aumentam o fluxo de fregueses ao estabelecimento, que acabam consumindo outros produtos", disse o superintendente nacional da Caixa, Tarcísio Luiz Dalvi. O número de correspondentes que pede para ser descredenciado, afirma ele, é residual. Na pesquisa, apenas 10,2% dos entrevistados afirmavam que não tinham certeza se iriam permanecer como parceiros. "Geralmente isso ocorre quando o ponto é vendido a um terceiro. Mas já houve casos em que o comerciante constatou que o afluxo de clientes aumentou em demasia, comprometendo a atividade principal do estabelecimento." O ganho com a cobrança de tarifas pelo serviços é apenas marginal. No caso da Caixa, os valores variam de contrato para contrato e, de forma geral, cobrem basicamente os custos operacionais. "Quando o comércio tem alguma ociosidade, essa é uma receita adicional, sem a contrapartida de aumento de custos", disse. "Mas os valores são fixados de forma com que, mesmo que o estabelecimento tenha de contratar funcionários para realizar o serviço, a tarifa paga seja suficiente para pelo menos cobrir os custos operacionais." A Caixa planeja, até o fim deste mês, começar a expandir os serviços financeiros oferecidos nos correspondentes. As casas lotéricas já operam com uma razoável variedade de produtos, mas, nos estabelecimentos comerciais, hoje é possível fazer basicamente o pagamento de contas e receber direitos e benefícios, como aposentadorias e FGTS. A idéia é que todos os correspondentes passem também a recepcionar pedidos de abertura de contas e a oferecer produtos financeiros, como cartões de crédito e financiamentos. "Estamos fazendo uma experiência piloto em Brasília que, até agora, tem sido muito bem-sucedida." O aumento do número de serviços é considerada prioritária porque em municípios atendidos apenas por correspondentes a população ainda não tem acesso a serviços como contas correntes ou cadernetas de poupança. Os dados do Banco Central sobre as operações realizadas na Caixa por meio de correspondentes bancários confirmam que, por enquanto, a cobrança de títulos ainda responde pelo grosso do movimento. No quarto trimestre de 2004, a Caixa realizou 219,6 milhões de operações (em loterias e outros correspondentes), das quais 79,5% foram pagamentos de contas. A segunda operação mais representativa foram os depósitos em conta corrente, com 11,5%; em seguida, com 8,9%, vieram as ordens de pagamentos; por último, com 0,1%, estavam os depósitos em caderneta de poupança. As operações feitas na Caixa por correspondentes bancários é maior do que a soma dos números dos outros quatro maiores bancos de varejo do país (pelo critério de ativos). O Bradesco, que ocupa a segunda posição em transações por meio de correspondentes, realizou 22,9 milhões de operações no trimestre; o Banco do Brasil registrou, no período, um total de 17 milhões.