Título: Contrato milionário com firma suspeita
Autor: Rizzo, Alana; Herdy, Thiago
Fonte: Correio Braziliense, 21/03/2010, Política, p. 4

Empresa com histórico de golpes contra o Estado foi contratada pelo Ministério do Trabalho. CGU a proibiu de prestar serviços ao governo

Cristina Horta/EM/D.A Press - 17/3/10 Rua simples onde vivia há até pouco tempo o responsável pela Higiterc. Nos últimos dias, ninguém sabe dele O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) contratou para o atendimento no call center uma empresa que aplicava diversos golpes contra a administração pública. Recentemente, a Higiterc ¿ Higienização e Terceirização Ltda. foi declarada inidônea pela Controladoria-Geral da União (CGU). Um processo administrativo apurou o envolvimento de laranjas(1) nos contratos de mão de obra terceirizada. A sanção foi publicada no fim de fevereiro deste ano. A empresa está proibida de prestar serviços para o governo federal nos próximos cinco anos. Em 1º de março, o MTE firmou um contrato emergencial com a Apecê até que uma nova licitação seja realizada.

O contrato nº 36/2009, no valor de R$ 1,89 milhão, foi celebrado em 6 de novembro para a ¿prestação de serviços de atendimento receptivo¿ e deveria durar até 5 de novembro deste ano. A empresa, no entanto, pediu a rescisão amigável depois que uma decisão da Justiça do Trabalho penhorou capital e recebimentos da empresa. Na sentença, o juiz considerou a Higiterc sucessora de outra empresa. Uma liminar determinou que os valores sejam usados pelo ministério para o pagamento dos funcionários terceirizados. Os empregados denunciam, entre outras coisas, que estão com salários atrasados e ainda não receberam os acertos referentes à rescisão contratual.

Sem rastro

A Higiterc Higienização e Terceirização Ltda. funcionava em três salas de um prédio comercial na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Entretanto, segundo o porteiro, há cerca de 20 dias os responsáveis desocuparam os imóveis, sem deixar qualquer rastro, como novo endereço ou telefone para contato. A orientação dada pelos antigos inquilinos ao porteiro é não aceitar correspondências levadas por funcionários dos Correios e informar que a empresa não existe mais. A Higiterc tem cadastro ativo como fornecedora do governo de Minas Gerais válido até setembro deste ano. O site da empresa, informado no cadastro, não existe. O nome citado como responsável pelas informações repassadas ao setor de compras do governo de Minas é de Ricardo Silva Franco de Albuquerque, de 31 anos. Ele também é mencionado como um dos representantes legais da empresa. Até meados do ano passado, vivia em uma casa simples, de tijolo e teto de amianto, construída nos fundos de um terreno em um bairro de classe média baixa de Belo Horizonte. Segundo a família, ele mudou-se e não informou o novo endereço ou telefone.