Título: Serra cobra corte social em 2005 e Marta, o bilhete único no metrô
Autor: Cristiane Agostine
Fonte: Valor Econômico, 15/10/2004, Política, p. A-9

Os dois candidatos à Prefeitura de São Paulo, José Serra (PSDB) e Marta Suplicy (PT) enfrentaram-se ontem no primeiro debate do segundo turno na TV Bandeirantes. O clima esquentou em ataques diretos que marcaram o debate desde o início. Mais nervosa que Serra no início do debate, Marta atacou primeiro. Depois de cobrar a adoção do bilhete único no metrô, a prefeita disse que se Serra tivesse problema no exercício do cargo, o prefeito seria Gilberto Kassab (PFL), seu vice, que tinha sido secretário de Celso Pitta - "É a turma de Pitta de volta a São Paulo". Depois de dizer que a política de transportes de Marta privilegiou os túneis em bairros ricos em detrimento do metrô, Serra respondeu que Kassab foi um homem "correto" e teve como principal assessor um atual colaborador petista, além de ter sido eleito com a ajuda do marqueteiro de Marta, Duda Mendonça. Em sua primeira pergunta, Serra disse ter constatado corte nos programas sociais no orçamento de 2005. Marta disse que estava surpreendida pela observação sobre o orçamento vinda de um tucano que, no governo federal, não havia dado prioridade ao social. Foto: Rogério Pallatta/Valor

Na segunda pergunta, a prefeita questionou o adversário por que o preço dos hemoderivados está hoje três vezes mais barato do que na época em que Serra era ministro da Saúde. Serra respondeu que os "vampirões" presos pela licitação fraudulenta do sangue são "gente do PT" - "O que fizemos na saúde é diferente do que fez o PT no lixo. Nós baixamos preços por todos os lados no Ministério da Saúde". Na sua segunda pergunta, Serra perguntou por que a prefeitura arrecadou R$ 180 milhões com a taxa de luz e investiu apenas R$ 1,4 milhão. "Há três mil ruas que não têm luz. Por que cobrar taxa de luz de quem não tem luz?" Marta respondeu que dos 40 mil novos pontos de luz, já foram colocados 15 mil novos pontos de luz e até 25 mil no final do ano. Serra a acusou de não responder à pergunta. Marta reagiu à crítica sobre a criação de taxas dizendo que o governo do PSDB, durante os oito anos em que esteve no Palácio do Planalto aumentou a carga tributária dos brasileiros. Usou uma frase que teria sido dita pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para definir Serra na revista "Época" - "O problema de Serra é o diabo que mora dentro dele". Serra obteve o primeiro direito de resposta do debate e disse que FHC era seu amigo e que ele preferia debater os problemas da cidade a partir para ofensas.